Projeto em tramitação, que confunde crime político com crime comum, vai ser relatado por Guilherme Derrite (PP-SP), um arauto de chacinas, e só serve para proteger bandidos e viabilizar agressões e invasões americanas
Os bolsonaristas não pensam em outra coisa a não ser bajular Donald Trump. Bastou ele usar o falso pretexto de combate ao narcotráfico para mandar navios de guerra e aviões para a Venezuela com o intuito de surrupiar o petróleo do país vizinho, que os seus serviçais no Brasil se assanharam em apressar o plano de dar status político para facções do crime organizado.
Eles defendem exatamente o mesmo projeto que os EUA tentam impor a toda a América do Sul. Misturam crimes comuns, como tráfico de drogas e de armas, com crimes com conotação política. Ou seja, querem confundir tráfico de drogas com crimes políticos para justificar agressões e intromissões das tropas americanas nos assuntos internos dos países da região. Essa história já é conhecida, não só na Venezuela, como no Panamá, no Iraque, na Líbia, no Afeganistão, etc.
O governador Cláudio Castro, responsável pela chacina sangrenta desta semana – que não prendeu nenhum dos chefões do tráfico na região – não explicou o fracasso de sua iniciativa e saiu falando em combater o “narcoterrorismo”. Exatamente o mesmo termo que está sendo usado por Trump para justificar os seus navios de guerra e bombardeios nas costas da Venezuela.
PROXIMIDADE DO GOVERNO DO RIO COM TRAFICANTES DE ARMAS

Não é atoa também que na mesma hora que chacinavam qualquer negro que corresse nas favelas vítimas da “operação” do bolsonarista Cláudio Castro, no Rio de Janeiro, o senador Flávio Bolsonaro defendia em suas redes sociais que o bufão da Casa Branca repetisse no Brasil o que está fazendo na Venezuela e despejasse bombas assassinas também sobre o litoral brasileiro.
VÍDEO MOSTRANDO FLÁVIO BOLSONARO PEDINDO BOMBAS SOBRE O BRASIL
A chacina patrocinada por Cláudio Castro matou mais de 120 pessoas nas comunidades da Penha e do Alemão, na zona norte do Rio de Janeiro. Esta operação é o retrato da falência da política de segurança pública de Castro. Nenhuma inteligência e nenhum planejamento foram utilizados para chegar aos chefes das facções, apenas fuzilamentos e decapitações.
Não por acaso, os mandachuvas saíram ilesos da operação. Aliás, como se viu nas razões apresentada para a lambança de Cláudio Castro, a operação estava mais para uma disputa de território entre tráfico de drogas e “milícias amigas” (veja trecho abaixo).
DISPUTA ENTRE MILÍCIA E TRÁFICO

Na esteira da chacina, os bolsonaristas aproveitam para fazer alarde de um projeto que equipara a atuação de facções criminosas ao terrorismo. A atual Lei Antiterrorismo, de 2016, define que, para que uma conduta criminosa seja considerada como terrorista é preciso haver uma razão que envolva xenofobia, discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia e religião. Ou seja, que os grupos tenham objetivos políticos e não o simples enriquecimento, como é o caso do narcotráfico.
O que fizeram no Rio foi para agravar o caos e açular os EUA a intervirem no Brasil. A chacina foi uma senha para votar o projeto defendido pelos americanos para toda a América do sul. O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), já indicou que pretende levar o texto a voto na segunda semana de novembro. O atual secretário de Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite (PP-SP), um notório defensor de chacinas, deverá reassumir o mandato na semana que vem para relatar a proposta.
O governo Lula é contra o projeto e afirma que ele provoca uma distorção jurídica e abre espaço para o uso político da tipificação. A avaliação é que o conceito de terrorismo deve permanecer restrito a motivações políticas, ideológicas ou religiosas, como defendido pelo Brasil em foros internacionais. O Itamaraty e o Ministério da Justiça já se opuseram, em gestões anteriores, a tentativas de incluir facções latino-americanas em listas de terrorismo — posição que o Planalto quer manter.
O deputado Lindbergh Farias (PT-RJ), líder do PT, classificou a proposta como um “retrocesso perigoso”. “Isso é um absurdo completo e o governo vai orientar contrário. O terrorismo tem motivações políticas, ideológicas, o narcotráfico não. Digo que pode aumentar pena e fazer o que quiser, mas não misturar as coisas”, argumenta o líder do governo.
A ministra Gleisi Hoffmann defendeu a mesma posição do presidente Lula na quinta-feira (30), após o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, mentir acusando o governo federal de não ajudar o Rio. Castro foi desmascarado pelo ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski. “O governador não fez nenhum pedido ao governo federal”, disse Lewandowski. “Só tem uma forma de combater as organizações: é o dinheiro, quando você estrangula financeiramente, deixa essas organizações sem o recurso. Aí cai por terra a organização territorial que eles têm. Se não tiver inteligência (policial), essa gente volta”, afirmou Gleisi.











