Quando a procuradora geral da República solicita uma ordem judicial ao STF para impedir que Temer, através de um preposto, interfira no inquérito da PF sobre suas atividades no Porto de Santos, o governo – mesmo esse, que sempre foi mais uma quadrilha que um governo – chegou ao fim. O bando do Planalto tem, realmente, muitas razões para se preocupar com a polícia. Mas não por causa da Segurança Pública. Sem conseguir governar, resta o factoide. Seja o “ministério da Segurança Pública” ou a intervenção no Rio de Janeiro.
A Operação Cartão Vermelho da Polícia Federal, desencadeada na manhã da segunda-feira, cumpriu sete mandatos de busca e apreensão em Salvador, incluindo a casa do ex-ministro de Lula e Dilma e ex-governador da Bahia, Jaques Wagner (PT), e a sede da Secretaria Estadual de Desenvolvimento Econômico (SDE), pasta que Wagner comanda atualmente. Wagner, cujo codinome na planilha da Odebrecht era “Polo” [por ter trabalhado no Pólo Petroquímico de Camaçari], é acusado pela PF de ter recebido R$ 82 milhões em propina do consórcio formado pelas empreiteiras Odebrecht e OAS, responsável pela construção da Arena Fonte Nova. O valor superfaturado da obra ultrapassa R$ 450 milhões, segundo a polícia. Wagner foi indiciado formalmente pela PF.
Os ministérios públicos federal e estadual do Pará pediram, na última sexta-feira, que a Hydro Alunorte suspenda imediatamente as atividades em uma de suas barragens de rejeitos em Barcarena (PA). Os MPs afirmaram que a barragem opera sem licença ambiental e que não há um plano emergencial para retirar a comunidade em caso de desastre. O vazamento foi comprovado pelo Instituto Evandro Chagas.
O ministro Luís Roberto Barroso alertou que uma “Operação Abafa”, enorme e multifacetada, foi deflagrada por pessoas que se imaginavam imunes e impunes para impedir que a Operação Lava Jato alcance seus objetivos. “É fruto de um pacto oligárquico celebrado entre boa parte da classe política, do empresariado e da burocracia estatal para saque do Estado brasileiro”.