O grupo CCR, companhia que atua em concessões de estradas e aeroportos, fechou um acordo de leniência com o Ministério Público de São Paulo (MP-SP), que revelou a existência de um esquema de caixa dois que irrigou campanhas eleitorais de ex-governadores e deputados do Estado. Os executivos da empresa admitiram que pagaram pelo menos R$ 30 milhões a cerca de 15 políticos do PSDB, PT, MDB, PTB, PSD e outros partidos.
Entre os nomes, estão os ex-governadores José Serra e Geraldo Alckmin (PSDB), o ex-ministro Gilberto Kassab (PSD) e a ex-senadora Marta Suplicy, quando estava no PT. Também são citados Aloizio Mercadante, Luiz Marinho, Emídio de Souza e Antonio Mentor, todos do PT, e Edson Aparecido, do PSDB, ex-secretário da Casa Civil do governo Alckmin e atual secretário de Saúde da Prefeitura de São Paulo na gestão Bruno Covas.
A investigação começou com a delação do operador Adir Assad e o acordo teve origem em duas ações recentes da Operação Lava Jato no Paraná, após longa negociação com cinco executivos da CCR e um grupo de promotores que atuam na Promotoria de Defesa do Patrimônio Público.
O operador contou que o esquema funcionava por meio de contratos firmados entre as empresas dele e a CCR, que envolviam a devolução oculta de 80% dos valores correspondentes. Como a companhia é uma concessionária de serviço público e não poderia fazer doação a campanhas eleitorais de forma lícita, os recursos que voltaram para o caixa da empresa foram usados para o financiamento de campanhas eleitorais de forma ilícita.
O Ministério Público descobriu que cerca de R$ 44 milhões em valores atuais, que voltaram para a CCR, foram usados para financiar políticos paulistas via caixa dois. Assad afirmou que era amigo do ex-presidente da concessionária, Renato do Valle, e que a prática criminosa ocorreu quando ele ocupava o cargo na empresa.
A CCR é responsável pela administração de importantes rodovias de São Paulo, como Anhanguera, Bandeirantes, Castello Branco e Raposo Tavares, além de atuar em serviços de mobilidade urbana como o Metrô da capital, junto com a ViaQuatro e ViaMobilidade. A empresa se dispôs a pagar uma multa de R$ 81 milhões para se livrar de processos contra a companhia e algumas de suas controladas.