Trump pressiona governo brasileiro a abrir mão do sistema 5G da Huawei, empresa chinesa com a qual o país já atua. Empresário Marcelo Motta alerta que ceder nesta questão “só vai atrasar o Brasil, impactando preços de infraestrutura”
Ceder à pressão realizada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para que o governo brasileiro afaste a Huawei Technologies da implementação do sistema 5G trará graves consequências para a economia nacional, alertou o diretor de cibersegurança e solução da empresa chinesa, Marcelo Motta.
Em entrevista à Reuters, Motta destacou que a medida “só vai atrasar o Brasil, impactando os preços de infraestrutura para operadoras, provedores regionais de internet e os consumidores”.
O executivo denunciou os reiterados esforços de Trump para limitar o papel da empresa chinesa – há 22 anos em operação no país – no desenvolvimento da nova geração de rede de alta velocidade, e lembrou que, em lugares onde houve restrições para sua expansão, “vimos incrementos de preço em infraestrutura para operadoras de duas a cinco vezes, muitas vezes inviabilizando os negócios”.
Motta ressaltou que em meio à batalha para expandir a infraestrutura de telecomunicações, a substituição do fornecedor exigiria de parte das operadoras o reinvestimento em equipamentos, em vez de simplesmente atualizar os existentes. “Fazer essa mudança é mexer em um vespeiro grande e as operadoras precisariam de mais tempo e mais dinheiro”, acrescentou.
A maior fabricante de equipamentos de telecomunicações do mundo dirigiu com sucesso os testes de 5G com as principais operadoras no Brasil – Telefônica, TIM, Claro e Oi – e tem contribuído para a modernização da infraestrutura antes do leilão do espectro, prevista para 2021.
“Temos solução preparada para, primordialmente por meio de software, trazer 5G ao Brasil (em frequências existentes). E assim que o governo trouxer as novas frequências podemos também usar aplicações pequenas de hardware”, frisou.
Em todo o mundo a empresa chinesa investiu cerca de 4 bilhões de dólares em 5G, entre 2009 e 2019, e agora planeja fabricar localmente sua nova tecnologia em uma de suas duas unidades de produção. No Brasil, a Huawei tem cerca de 40% dos componentes ofertados atualmente manufaturados em Sorocaba (SP) e em Manaus (AM).