Na segunda-feira, 7, o governo Bolsonaro empossou os três nomes que irão presidir os bancos públicos no próximo período. Joaquim Levy, para o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Pedro Guimarães, para a Caixa Econômica Federal (CEF), e Rubem Novaes, para o Banco do Brasil.
CAIXA
Ao tomar posse, o presidente da Caixa, Pedro Guimarães – sócio do banco Brasil Plural – anunciou que pretende abrir o capital de subsidiárias do banco público para pagar uma dívida de R$ 40 bilhões com o Tesouro Nacional.
Segundo Guimarães, para quitar essa dívida, será feita a venda de ações de empresas subsidiárias – controladas pela Caixa Econômica Federal – como as empresas de cartões, seguros, asset management (administração de recursos de terceiros) e também de loterias.
O novo presidente do banco falou também que a classe média terá de pagar juros de mercado para o financiamento habitacional. Segundo ele, serão juros maiores do que os oferecidos nas operações do Minha Casa Minha Vida, programa habitacional que conta com juros subsidiados para a população de baixa renda.
“Se hoje você tem zero de empréstimo para pessoas de classe média, não vão ser os juros do Minha Casa Minha Vida. Quem é classe média tem de pagar mais. Ou vai buscar no Santander, Bradesco, Itaú. E vai ser um juros de mercado [na Caixa Econômica Federal]. A Caixa vai respeitar os juros de mercado”, disse.
BANCO DO BRASIL
O presidente do Banco Brasil (BB), Rubem Novaes, também falou em venda de “alguns ativos”. Segundo Novaes, ativos que “não guardam sinergia com suas atividades principais” serão avaliados para desinvestimento. Já os “altamente rentáveis” estão passíveis de abertura de capital e de parcerias.
“O objetivo é sempre maximização de valor para os acionistas”, disse o economista que, durante o período de transição, chegou a dizer que a orientação era “privatizar o que for possível“.
Quando anunciou sobre a venda de ativos, ressaltou que manterá as “joias da coroa”. Questionado sobre ao que se referia, ele citou as partes de administração de fundos, meios de pagamentos, seguridade, crédito para pessoa física e pequenas e médias empresas. O presidente do banco não informou quais subsidiárias podem ser vendidas. “O banco é uma empresa de capital aberto, então, certas questões que tem reflexo no mercado não podem ser comunicadas dessa forma. Tem que ter formalização maior”, disse.
BNDES
Já Joaquim Levy afirmou que é necessário adequar o balanço do banco para combater o que chamou de patrimonialismo e distorções de governos anteriores para trabalhar.
“[Precisamos] adequar o nosso balanço que hoje depende em uma proporção exagerada, embora menos do que há quatro anos, dos recursos do Tesouro. E tem que ser adequados para que se tenha o adequado retorno para a população”, disse.
De governos anteriores Levy entende. Afinal, foi secretário-adjunto da Secretaria de Política Econômica do Ministério da Fazenda, no ano 2000, no governo Fernando Henrique. Na administração Lula, foi secretário do Tesouro Nacional entre 2003 e 2006. No governo Sérgio Cabral, foi secretário da Fazenda do Estado do Rio de Janeiro (2007-2010).
Depois de quatro anos na Diretoria do Bradesco (2010 e 2014), Levy assumiu o Ministério da Fazenda em 2015, na administração Dilma Roussef, dando início à maior recessão da história do país. Antes de assumir a presidência do BNDES, fez parte da Diretoria Financeira do Banco Mundial. Assim como Paulo Guedes, – ministro da Economia – Levy é egresso da Universidade de Chicago (Estados Unidos), a Meca do neoliberalismo.
O Brasil nunca teve uma política habitacional, não se iluda, no financiamento, os juros sempre formaram a maior parte da dívida
Não é exato, leitor. Afinal, o que foi o Banco Nacional da Habitação (BNH)? Ou a “planta popular” da Caixa, antes de 1964? Podemos não concordar ou achar que a política poderia ser melhor. Mas daí a dizer que nunca houve uma política habitacional, vai uma diferença.