Celac e União Europeia rejeitam bombardeios dos EUA a barcos venezuelanos no Caribe

Declaração da 6ª Cúpula da Celac-União Europeia defende soberania dos países latino-americanos (intellinews)

Assassinatos de Washington no Caribe e no Pacífico, próximo à costa de Venezuela foram um dos principais temas do domingo (09), no primeiro dia da IV Cúpula da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) com a União Europeia (UE), que está sendo realizada na cidade colombiana de Santa Marta.

Os 12 chefes de Estado, seis vice-presidentes e 23 ministros das Relações Exteriores dos Estados-membros desses organismos internacionais presentes divulgaram uma declaração conjunta contra os ataques sob justificativa fajuta e sem provas de ataque a um suposto “cartel de drogas” na Venezuela. No documento, os líderes enfatizam seu “compromisso inabalável com a democracia, incluindo eleições livres, inclusivas, transparentes e confiáveis”. Eles também reafirmam sua adesão “aos princípios e propósitos da Carta das Nações Unidas, em particular a igualdade soberana dos Estados, o respeito à integridade territorial e a independência política”.

“Reiteramos nossa oposição à ameaça ou ao uso da força e ressaltamos a importância de priorizar a prevenção de conflitos, as operações de manutenção da paz e a consolidação da paz como elementos essenciais para uma paz duradoura em ambas as regiões”, diz o texto acordado.

 “Ressaltamos a importância da segurança marítima e da estabilidade regional no Caribe”, enfatiza o texto, sem mencionar explicitamente os bombardeios norte-americanos contra embarcações que, sem provas, dizem estar carregadas com drogas no Caribe e no Pacífico, que já somam 70 mortos.

A vice-presidente da Comissão Europeia, Kaja Kallas, explicou o motivo da ausência de menção ao governo de Donald Trump:  “Porque não teríamos conseguido que os todos países se somassem [na declaração conjunta], muito simples”.

“É NECESSÁRIO GARANTIR  PROTEÇÃO DA POPULAÇÃO CIVIL”

A declaração da Cúpula também menciona a preocupação multilateral com o “número crescente de guerras e conflitos no mundo”, ao mesmo tempo que enfatiza a necessidade urgente de priorizar soluções pacíficas para as disputas por meio da diplomacia e do diálogo, em conformidade com o direito internacional, em particular a Carta das Nações Unidas.

“Expressamos a necessidade de garantir a proteção da população civil e a prestação de assistência humanitária”, acrescenta o texto, que evita uma referencia clara à agressão israelense contra a Palestina.

O texto também defende uma mudança no sistema internacional em apoio a uma reforma abrangente do Conselho de Segurança da ONU, “para torná-lo mais representativo, inclusivo e democrático”, de modo que “reflita melhor as realidades atuais”. Nesse contexto, todos os Estados-membros do sistema da ONU são convidados “a participar e apoiar a implementação do Pacto para o Futuro”. “Comprometemo-nos a fortalecer nossa cooperação birregional e a unir esforços para apoiar o Secretário-Geral em suas iniciativas para revitalizar o multilateralismo”, enfatiza.

GUSTAVO PETRO DENUNCIA ATAQUES DOS EUA

Já Gustavo Petro, presidente da Colômbia, anfitrião e chefe pró-tempore da IV Cúpula, relembrou as lutas pela liberdade no Caribe e denunciou os recentes ataques perpetrados pelos Estados Unidos na região, que descreveu como execuções extrajudiciais e, referindo-se à morte de um pescador colombiano identificado como Alejandro Carranza, enfatizou: “Quero que a CELAC seja um farol de luz em meio à barbárie” e demonstre que “encontros” e “diálogos” ainda são possíveis.

A unidade dos povos, o respeito pelos direitos humanos, o fortalecimento da autodeterminação e o diálogo entre iguais são o baluarte contra a onda do grande capitalismo que ameaça a democracia”, afirmou Petro.

António Costa, Presidente do Conselho Europeu, e Kata Kallas, Alta Representante da Comunidade Europeia para os Negócios Estrangeiros, expressaram opiniões semelhantes. A diplomata da Estônia tenha frisado “a necessidade de respeitar o direito internacional e o Estado de direito” num diálogo com jornalistas.

“A força só pode ser usada por dois motivos: em legítima defesa ou por força de uma resolução do Conselho de Segurança da ONU”, acrescentou Kallas, de acordo com a AFP.

Por sua vez, a ministra das Relações Exteriores da Colômbia, Yolanda Villavicencio, afirmou que “a declaração final da Cúpula CELAC-UE incluirá uma rejeição à guerra, uma afirmação da soberania dos povos e, claro, uma rejeição às ações dos Estados Unidos”.

O ministro das Relações Exteriores do México, Ramón de la Fuente, falando a repórteres, também reafirmou o compromisso de seu país em “promover um ambiente de respeito à soberania”.

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