Celso de Mello: “o MP não deve se curvar à onipotência do poder”

Celso de Mello discursa na despedida de Raquel Dodge do cargo de procuradora-geral da República. Foto: Nelson Jr. - SCO - STF)

“Regimes autocráticos, governantes ímprobos, cidadãos corruptos e autoridades impregnadas de irresistível vocação tendente à própria desconstrução da ordem democrática temem um Ministério Público independente”, afirmou na quinta-feira (12) o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Celso de Mello, na sessão de despedida de Raquel Dodge do cargo de procuradora-geral da República.

Durante o pronunciamento, Celso de Mello também afirmou que o Ministério Público não pode servir a interesses específicos. “O Ministério Público não serve a pessoas. O Ministério Público não serve a grupos ideológicos, o Ministério Público não se subordina a partidos políticos”, acrescentou.

“O Ministério Público não se curva à onipotência do poder ou aos desejos daqueles que o exercem, não importando a elevadíssima posição que tais autoridades possam ostentar na hierarquia da República”, concluiu o ministro decano, o mais antigo no STF.

Jair Bolsonaro afirmou, antes de indicar o subprocurador-geral, Augusto Aras, para o cargo de procurador-geral, que estava procurando alguém “alinhado com o governo”. Ele chegou a dizer que em seu governo o procurador-geral da República seria uma “rainha do jogo de xadrez”, enquanto ele seria o rei, Sérgio Moro a torre, e os outros ministros, os peões.

Na segunda-feira (9) o filho do presidente, o vereador Carlos Bolsonaro, afirmou que as mudanças que o país precisa não viriam na velocidade que eles querem através das vias democráticas. A declaração foi repudiada por todo o país. Augusto Aras disse na quinta-feira ter alertado o presidente Jair Bolsonaro de que ele “não vai poder mandar e desmandar” no MP.

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