As mensagens achadas no celular de João Baptista Lima Filho, apelidado de “Laranja Lima” por sua relação com Temer, mostram muito bem a “pureza” (segundo Temer) das relações entre os dois.
No dia 10 de agosto de 2015 – quando Temer era vice-presidente – Lima trocou mensagens com Gonçalo Torrealba, dono do Grupo Libra, que opera no porto de Santos.
Por que Torrealba se dirigiu a Lima, que não tinha, e nunca teve, cargo no governo?
Porque queria a influência de Temer para que seu grupo prorrogasse seus contratos no porto de Santos.
Dois dias depois, Lima diz a Torrealba: “O encontro foi agendado para as 12 h na Secretaria”.
Esta mensagem foi enviada aos 44 minutos do dia 12 de agosto.
Apenas 29 minutos depois, à 01 hora e 13 minutos, Lima enviou outra mensagem – para Temer: “Transmiti o recado. Encontro marcado para as 12 h”.
Vejamos o que ocorreu – antes e depois:
1) Em 2013, Eduardo Cunha, principal aliado de Temer no Congresso, apresentou uma emenda à Medida Provisória dos Portos, permitindo que grupos empresariais que tivessem dívidas com o fisco pudessem ter prorrogados os seus contratos de concessão de terminais. O maior devedor era o Grupo Libra.
2) No ano seguinte, após a emenda de Cunha ter sido aprovada, e aceita por Dilma, o Grupo Libra doou R$ 1 milhão para a campanha de Michel Temer à vice-presidência e Gonçalo Torrealba, o dono do Libra, doou R$ 250 mil ao diretório do PMDB do Rio – isto é, para Eduardo Cunha.
3) Em junho de 2015, o Grupo Libra entrou com um pedido de prorrogação por 20 anos de seus contratos de concessão no porto de Santos.
4) Em agosto, Lima intermediou o encontro de Temer com Torrealba, um dos sócios do Grupo Libra.
5) Em setembro, a Secretaria dos Portos, ocupada por outro homem de Temer, Edinho Araújo, prorrogou os contratos do Grupo Libra.
Como se pode ver, tudo na mais estrita e virginal pureza.
C.L.