
“Que país queremos? Um país que gasta bilhões para curar ou para matar? Um país que deixa aos seus filhos um sistema de saúde pública funcional ou armazéns cheios de bombas e mísseis?”, questionou a vice-presidente do Movimento 5 Estrelas, Chiara Appendino, na manifestação deste sábado
Uma multidão de italianos marchou neste sábado (5) em Roma contra a “loucura do rearmamento europeu” e a política belicista da primeira-ministra Giorgia Meloni e do seu ministro de Defesa, Guido Crosetto.
“Hoje chega um não alto e claro ao desperdício de 800 bilhões de euros para rearmar a Europa. Este plano europeu não prevê uma defesa comum, mas apenas novos cortes na educação, saúde e trabalho. É uma loucura sem estratégia e visão”, afirmou Giuseppe Conte, que comandou a manifestação em nome do Movimento 5 Estrelas (M5S – que tem como prioridades a defesa da água pública, ambientalismo, transportes sustentáveis, direito à Internet e desenvolvimento sustentável).
“Somos 100 mil”, comemorou Conte, frisando que a amplitude do ato – ao lado de dezenas de movimentos, coletivos partidos e grupos oposicionistas – representava “a mensagem forte e clara que emergia da praça: não queremos um plano de rearmamento que desperdice recursos e leve a Europa para uma economia de guerra”.
“Que país queremos? Um país que gasta bilhões para curar ou para matar? Um país que deixa aos seus filhos um sistema de saúde pública funcional ou armazéns cheios de bombas e mísseis?”, questionou a vice-presidente do Movimento 5 Estrelas, Chiara Appendino, ao levar a Constituição ao palco da manifestação.
Conte defendeu “a construção de caminhos para a paz” com a Rússia e exigiu investimentos nas áreas sociais e na geração de empregos, frisando que “o futuro dos jovens não pode estar nas Forças Armadas”.
DEMOCRATAS DEFENDEM “ALIANÇAS FORTES”
“É bom que uma delegação do Partido Democrata tenha participado hoje na manifestação do M5S. Se quisermos dar uma alternativa ao país e mandar esse direito para casa, devemos construir alianças fortes, concentrando-nos naquilo que nos mantém unidos e suavizando onde temos posições diferentes. Como principal partido da oposição, temos maior responsabilidade de procurar a colaboração das forças aliadas e concentrar-se na unidade”, disse Laura Boldrini, membro do Partido Democrata e presidente do Comitê Permanente da Câmara dos Direitos Humanos no Mundo.
No encerramento do ato, Conte agradeceu a todos “por este grande dia”, sublinhando que a prepotência será barrada “com participação e democracia”. “Não devemos deixar o primeiro lugar aos Estados Unidos. É a Europa quem deve acabar com esta guerra, caso contrário a guerra acabará com a Europa”, concluiu.
Entre outras lideranças compuseram o palanque, o reitor da Universidade para Estrangeiros de Siena, Tomaso Montanari; o diretor do jornal Fatto Quotidiano, Marco Travaglio; e o economista Jeffrey Sachs.
Coloriram a gigantesca manifestação, faixas e bandeiras da Aliança Verde e de Esquerda (AVS), da União de Sindicatos de Base (USB), do Partido da Refundação Comunista (PRC) e do Partido Democrata, que fizeram uso da palavra, aumentando o isolamento do governo. Inúmeras bandeiras palestinas também tremularam, com cartazes defendendo o fim dos bombardeios a Gaza e condenando o terrorismo de Estado de Israel.