
“Temos que tirar esse picareta do Campos Neto, que está sabotando o crescimento do país com uma taxa de juros de 13,75%”
Em comemoração ao 1º de Maio, Dia do Trabalhador, as Centrais Sindicais realizaram um ato no Vale do Anhangabaú, no centro de São Paulo, reunindo milhares de trabalhadores e dirigentes sindicais, na manhã desta segunda-feira.
A atividade contou com a presença do presidente Lula, que oficializou o aumento do salário mínimo para R$ 1.320, condenou as altas taxas de juros do Banco Central e anunciou o plano do governo para a retomada da geração de empregos. Lula também convocou os trabalhadores a serem “soldados contra as fake news”. (Leia aqui).
As Centrais destacaram a necessidade da retomada do crescimento econômico com a queda da taxa Selic, hoje em 13,75%. Nas intervenções, os sindicalistas falaram da importância da vitória de Lula nas últimas eleições e da retomada do avanço das políticas para os trabalhadores, como a valorização do salário mínimo e o aumento da faixa de isenção do Imposto de Renda, medida também anunciada pelo governo neste Dia do Trabalhador.
Os dirigentes denunciaram o atual patamar da taxa básica de juros mantida pelo presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, como principal entrave para o desenvolvimento econômico do país. O ato ocorreu na véspera da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), nesta terça-feira (2).

Para Adilson Araújo, presidente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), “é verdade que um passo importante foi dado. A vitória eleitoral do presidente Lula reforçou os ares da democracia, da soberania e dos direitos”. Mas, afirma o dirigente, “a gente amarga a triste infelicidade – e infelicidade porque ninguém daqui deu um voto a Roberto Campos Neto, ninguém votou no presidente do Banco Central – de o presidente do BC se dar ao direito de impor uma taxa de juros de 13, 75%. É a maior taxa de juros aplicada no mundo”.
“E qual a consequência disso? Quem veio hoje para o 1º de Maio carrega consigo um sentimento de tristeza porque não há no centro de São Paulo uma rua, uma avenida, que não haja alguém pedindo um prato de comida. Nós precisamos nos rebelar e o presidente Lula está indicando o caminho. Ele disse também que nós vamos precisar pressionar, porque não vamos recuperar a política de salário mínimo agora, mas vamos brigar para que a política de salário mínimo garanta, em 2024, a variação do PIB, a inflação e um fator de correção. Sabemos, presidente Lula, que o salário de R$ 1.320 ainda está muito distante do salário mínimo ideal calculado em fevereiro, de R$ 6.400. E em São Paulo o custo da cesta básica consome 60% do salário mínimo. Sobra R$ 500. Não paga mais o aluguel, não compra o botijão de gás”, afirmou Adilson.

Sérgio Nobre, presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), destacou que “a nossa unidade foi fundamental para derrotar o fascismo no nosso país, mas a nossa unidade vai ser mais importante ainda para reconstruir o Brasil, que foi destruído por Bolsonaro. Então, presidente Lula, precisamos voltar a crescer de forma vigorosa, gerar emprego, que é o que o nosso povo precisa. Precisamos acabar com a fome nesse país, que tinha acabado no seu governo. E para isso tem que cair a taxa de juros. Temos que tirar esse picareta do Campos Neto, que está sabotando o crescimento do país com uma taxa de juros de 13,75%”.
“Presidente, a partir de amanhã, o movimento sindical estará em campanha permanente pela queda dos juros, condição fundamental para esse país crescer”, concluiu Sérgio Nobre, parabenizando Lula “pelos seus 100 dias de governo, que fez mais pelos trabalhadores do que Bolsonaro em quatro anos”.
“COM ESSES JUROS, QUEM GANHAM SÃO OS BANCOS”
Moacyr Auersvald, presidente interino da Nova Central Sindical de Trabalhadores (NCST), declarou que, “com juros altos, você não faz a economia rodar”. “Como é que você vai comprar uma mercadoria duas vezes mais cara. Essa taxa de juros desacelera o crescimento, a produção e quem ganha são os bancos”.
“Não dá pra gente achar que o Banco Central pode fazer uma política diferente da política de quem está no poder. E hoje nós temos essa diversidade, nós temos que terminar com isso. Isso é como ter um amigo dando tiro no pé. Esse é inimigo declarado, não é inimigo do presidente, inimigo do povo trabalhador. Ele é inimigo da nação”, afirmou Moacyr.
Para o presidente da Central dos Sindicatos Brasileiros (CSB), Antonio Neto, “esse ano a gente respira o ar da democracia, porque enterramos o fascismo nas eleições. Foram seis anos em que ouvíamos que ‘emprego, só sem direito’. Mas nós queremos emprego, salários e direito para todos. É chegada a hora de rever a reforma trabalhista, a reforma previdenciária, a lei da terceirização, que é sinônimo de escravidão”, ressaltou Neto.
“80 ANOS DA CLT”
“Estamos vendo um reajuste do salário mínimo. Não é o ideal, mas é o possível. Estamos vendo a isenção do IR para até dois salários mínimo. Não é o ideal, mas é o que é possível dentro dessa repavimentação do nosso país agora, com o governo Lula”, afirmou Miguel Torres, presidente da Força Sindical. “Hoje a CLT [Consolidação das Leis do Trabalho] completa 80 anos”, lembrou Miguel. “São 80 anos da nossa CLT, muito combatida por alguns, mas necessária para os trabalhadores. Temos que valorizar os nossos direitos, que foram atacados em 2017. Queremos sim rever pontos da reforma trabalhista, que tragam mais empregabilidade e garantia aos trabalhadores”, afirmou.

Ricardo Patah, presidente do Sindicato dos Comerciários de São Paulo e presidente da União Geral dois Trabalhadores (UGT), afirmou que “hoje é o 1º de Maio da liberdade, o 1º de Maio da democracia, o 1º de Maio do povo brasileiro”. “Só vamos mudar o Brasil com a unidade das Centrais Sindicais, dos trabalhadores e trabalhadoras”. Patah também criticou os juros elevados e defendeu que “o pobre não pode pagar Imposto de Renda”. “Nós queremos emprego, qualificação profissional e uma nova política de salário”, reforçou.
As atividades do 1º de Maio foram organizadas pelas centrais Força Sindical (FS), Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Central Única dos Trabalhadores (CUT), União Geral dos Trabalhadores (UGT), Central Sindical do Brasil (CSB), Nova Central Sindical dos Trabalhadores (NCST), Central do Servidor (Pública) e Intersindical. A comemoração do Dia do Trabalhador também contou com as apresentações de Leci Brandão, Zé Geraldo, Dexter, entre outros artistas. Veja, a seguir, a íntegra do ato.
PEDRO BIANCO, RODRIGO LUCAS E TIAGO CÉSAR