Central Operária Boliviana convoca greve nacional contra gasolinaço para janeiro

Entidades sindicais e populares tomam a linha de frente contra o Decreto Supremo 5503 (Perspectiva Internacional)

Explodem por todo o país andino ondas de protestos em repúdio ao aumento de 86% na gasolina e 163% no diesel

A decisão do presidente boliviano Rodrigo Paz de eliminar os subsídios dos combustíveis fez os preços dispararem, inviabilizar o custo de vida e desencadear a mais gigantesca onda de protestos dos últimos anos no país andino. Com a medida, o preço do litro da gasolina aumentou 86%, saindo de Bs 3,72 (R$ 2,97) para Bs 6,96 (R$ 5,56), enquanto o do diesel saltou 163%, pulando de Bs 3,74 (R$ 2,99) para Bs 9,80 (R$ 7,83). Com o “Decreto Supremo 5503” emitido, a cesta familiar cresceu entre 35 e 40%, colocando a inflação totalmente fora de controle.

Diante da manutenção da medida, a Central Operária Boliviana (COB) confirmou a manutenção da greve nacional para o mês de janeiro, a fim de garantir a revogação do decreto e a plena proteção dos direitos trabalhistas, econômicos e sociais.

O segundo secretário-geral da COB, José Choque, explicou que a decisão foi tomada organicamente após declarações recentes do executivo ter dito que não modificaria “um único artigo” do decreto aprovado em 17 de dezembro.

O líder sindical informou que piquetes serão gradualmente erguidos em diversas regiões do país, a partir de um cronograma aprovado na semana passada. Paralelamente, as organizações sindicais iniciarão campanhas internas de informação para explicar de forma didática às suas bases o conteúdo daninho do Decreto Supremo 5503 e definir novas ações de protesto.

Choque indicou que também foi acordada a formação de um comitê de greve e um comitê de mobilização que passarão a operar já a partir das festas de Ano Novo.

De acordo com Choque, inúmeros analistas e jornalistas demonstraram que pelo menos 101 dos 121 artigos do decreto de Rodrigo Paz contêm falhas inconstitucionais.

“SE NÃO QUISEREM REVOGAR O DECRETO, QUE FAÇAM AS MALAS”

Uma análise jurídica mais aprofundada do decreto será realizada durante as primeiras semanas de janeiro, e os resultados serão compartilhados com os membros, sendo posteriormente apresentados em uma coletiva de imprensa. O sindicalista indicou que as entidades ainda esperam um sinal de abertura por parte do governo e que, caso não recebam uma resposta favorável, ativarão um “Plano B”, que envolve diversas organizações mais enfáticas. “Se eles não querem revogar o decreto, que façam as malas e vão embora. Quando o povo está realmente revoltado, a situação muda e fica incontrolável”, sublinhou.

Mal assumiu o presidente Paz perdeu o apoio da classe trabalhadora e dos setores populares, asseverou Choque, frisando que é um governo que se encontra isolado, governando unicamente com o apoio de um pequeno grupo de ministros.

Questionado sobre a possibilidade de recorrer ao Tribunal Constitucional, Choque respondeu que o sistema judiciário está contaminado, viciado por indicações do executivo. “O judiciário segue a mesma linha do governo. Exigiremos uma decisão e daremos o tempo necessário, mas trata-se de estar do lado do povo ou do lado dos ricos”, concluiu.

Na contramão da enxurrada de manifestações contrárias ao pacote, somente o secretário de Estado de governo dos EUA, Marco Rubio, respaldou o marionete andino. “Os Estados Unidos saúdam o anúncio feito hoje pelo presidente Rodrigo Paz de um importante pacote de reformas econômicas com o objetivo de restaurar a estabilidade, a prosperidade e o investimento na Bolívia após décadas de políticas fracassadas”, festejou Rubio.

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