
Manifestação centrada nas conclamações de “Cessar fogo imediato” e “Fim ao Massacre em Gaza” se realizou em São Paulo convocada pelo coletivo Judeus e Judias pela Democracia – SP e contou com o apoio de lideranças e representantes de entidades judaicas e da sociedade brasileira, neste domingo, dia 26.
O ato lotou a Praça dos Arcos que fica na confluência da Avenida Paulista com a da Consolação, com mais de duzentas pessoas portanto dezenas de cartazes exigindo também o “Cessar-fogo” e destacando o repúdio de judeus do mundo inteiro ao uso da suposta representação judaica do atual governo fascista da troika Netanyahu/Gvir/Smotrich para perpetrar fazer o atual genocídio em Gaza. O repúdio ficou estampado nos cartazes de “Fora Bibi” e “Não em nosso nome”.
Havia também cartazes com palavras de ordem de “Não à Ocupação”, “Paz Agora” e a palavra paz em três línguas, “Shalom, Salam, Paz”.
FORA NETANYAHU
O ato deste dia 26 foi precedido por manifestações pelo fim do governo de Biniamin Netanyahu, em ressonância às manifestações que, durante 40 semanas, precederam a incursão do Hamas do dia 7 de outubro. Tanto aqui no Brasil, como em Israel e todas as comunidades judaicas por todo o mundo crescia o repúdio quando a troika Bibi/Gvir/Smotrich (estes dois últimos líderes dos colonos fanáticos especializados em assaltar terras palestinas e aterrorizá-los) resolveu acabar com a condição de poder independente do Judiciário israelense arrancando o último e tênue aspecto democrático e implantando em definitivo uma ditadura (que antes era exercida contra os palestinos) sobre toda a população de Israel e a serviço dos colonos assaltantes de terras na Cisjordânia.
Foram atos na sinagoga da Comunidade Shalom, na praça Henry Sobel em Higienópolis e em Copacabana, na praça Shimon Peres no Rio de Janeiro.
Na Casa do Povo houve uma roda de conversa sobre a tragédia pós-7 de outubro e uma manhã de poemas contra a guerra, também antes do ato deste domingo.
“NUNCA MAIS” PARA TODOS OS POVOS
Uma das participações mais aplaudidas foi a do diretor de Cultura da Casa do Povo, Benjamin Seroussi, que pediu ao público presente que repetisse com ele uma série de frase curtas, entre elas, “Fim do massacre em Gaza/ Sou da Casa do Povo/ Eu digo nunca mais”.
E prosseguiu: “Nunca mais para judeus e judias/ Nunca mais para a juventude negra do Brasil/ Nunca mais para os povos indígenas/ Nunca mais para palestinas e palestinos”.
“Somos judeus e judias”, acrescentou Benjamin, “Temos discordâncias entre nós, mas estamos juntos/lutamos por solidariedade/ contra o antissemitismo/ contra a islamofobia”.
“Estamos reunidos para nos juntar também aos atos de solidariedade aos palestinos na Avenida Paulista/ Queremos paz, lutamos pela paz”
E, sob aplausos encerrou: “Não ao uso indevido do antissemitismo para calar a voz palestina, para calar as vozes no Brasil/ Eles não/ Ppaz agora”
CESSAR-FOGO PERMANENTE JÁ
No ato foram lidas algumas proclamações das quais destacamos a do coletivo que idealizou o ato e que foi lida por André Vereta-Nahoum e da qual destacamos alguns trechos:
“Nós, Judias e Judeus pela democracia de São Paulo pedimos por um cessar-fogo, permanente, já”, destaca.
“Nós estamos aqui hoje pedindo um cessar-fogo permanente, imediato, em Gaza. Não uma trégua em uma guerra total. Mas um cessar-fogo permanente”, prosseguiu a leitura.
“E por que pedimos um cessar-fogo permanente e imediato?”
“Estamos em meio à trégua que Israel e o Hamas finalmente celebraram”, acrescentou, referindo-se ao cessar-fogo temporário que, até o momento liberou 60 israelenses e 210 palestinos e palestina.
Uma trégua e uma negociação “que poupa várias vidas palestinas”.
Mas, destaca ainda o documento, “essa trégua não é o cessar-fogo”, uma vez que Netanyahu “anuncia a retomada da guerra”, quando há mais de 100 reféns que “queremos ver de volta a seus lares”.
“Não nos contentamos com uma trégua. Queremos que cessem imediata e permanentemente as hostilidades das duas partes em conflito. Em primeiro lugar, nós pedimos um cessar-fogo porque nos parece um imperativo ético. Porque essa guerra vitima diariamente civis inocentes. E porque acreditamos na paz e na negociação como a única saída. Esse cessar-fogo que nós pedimos não é um fim em si mesmo. Ele é um meio para aquilo que acreditamos”, conclui a declaração.
LÍDERES RELIGIOSOS DO CATOLICISMO, ISLAMISMO E JUDAISMO
Lideranças políticas a exemplo do deputado Eduardo Suplicy e do presidente da Comissão da Verdade, Adriano Diogo e religioas, entre elas o rabino Leone, o padre Júlio Lancelote e o sheik Rodrigo Jalloul.
Em seu pronunciamento, o rabino Leone ressaltou que “a história judaica é uma história pontilhada de opressão. Imaginem as cruzadas, os pogroms, a Inquisição, o Holocausto… Nós conhecemos a desumanização de maneira muito forte. Por isso mesmo que é inaceitável que judeus, quando instituídos de poder de Estado o usem para oprimir outro povo, como vem sendo feito com o povo palestino, por isso dizemos aqui nesta praça, e devemos dizer onde estivermos: Não em nosso nome, fim do massacre em Gaza, cessar-fogo já”.
Padre Lanceloti, enfatizou que “a religião não deve servir para punir, oprimir, para eliminar os povos, a religião deve ser a favor da fraternidade, da solidariedade, que são dimensões humanas. Não se deve usar a religião para matar, não ao uso da força bruta para destruir, fim de todo tipo de genocídio pela libertação dos sequestrados e dos palestinos que estão presos”.
O sheik Rodrigo Jalloul enfatizou que “temos que lugar contra a islamofobia e antissemitismo”.
“Assim como – lastreado nos valores do Islã, nos valores humanos – sou contra o genocídio que está sendo perpetrado em Gaza contra os palestinos, sou favorável a uma solução com dois Estados: um que, de um lado, traga segurança e paz aos judeus e outro, traga a liberdade ao povo palestino”, finalizou o sheik.
PRESENÇA ANTISSIONISTA
Também se fez presente o grupo recentemente fundado e que congrega judeus antissionistas denominado “Vozes Judaicas pela Libertação”. Entre os presentes à praça estavam o Shajar Goldwasser, a Isadora Kzlos e a Daniela que trouxeram bandeiras palestinas e distribuíram um documento defendendo a “Libertação da Palestina e um Judíismo Além do Sionismo” e proclamando: “Não respaldaremos um projeto de opressão e morte em nosso nome, não nos calaremos diante da barbárie”.
No documento o Vozes Judaicas estabelece commo sua missão, entre outros aspectos, a Conscientização sobre a colonização israelense na Palestina” e “Defender a construção de um judaísmo desvinculado do sionismo real”.
No documento alertam para o fato de que, no atual estágio do judaísmo predominante, “é preciso refletir criticamente sobre como as identidades judaica e sionista reforçam formas de opressão no Brasil e no mundo”.