Em um ano, custo da cesta básica aumentou em todas as 17 capitais pesquisadas pelo Dieese, com destaque para as seguintes altas: café em pó (62,49%), leite integral (60,08%), batata (44,39%), farinha de trigo (34,62%), banana (25,96%), óleo de soja (23,49%), manteiga (20,63%) e pão francês (19,47%)
Em um ano, o preço da cesta básica subiu em todas as capitais, com variações de altas que oscilaram entre 12,55% e 21,71%, de acordo com a Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos realizada em agosto pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE), divulgada na terça-feira (6).
A alta na cesta de comida ficou muito além da inflação acumulada no período, segundo o IPCA de agosto, que em 12 meses foi a 9,6%.
A cesta mais cara foi a de São Paulo, onde o custo médio dos alimentos básicos foi estimado em R$ 749,78, seguida por Porto Alegre (R$ 748,06), Florianópolis (R$ 746,21) e Rio de Janeiro (R$ 717,82). Os menores valores médios foram registrados em Aracaju (R$ 539,57), João Pessoa (R$ 568,21) e Salvador (R$ 576,93).
Entre agosto de 2022 e agosto de 2021, o custo da cesta básica subiu nas 17 capitais, com os seguintes resultados: São Paulo (15,26%), Porto Alegre (12,55%), Florianópolis (13,23%), Rio de Janeiro (13,19%), Campo Grande (14,60%), Vitória (12,67%), Brasília (15,93%), Curitiba (14,19%), Goiânia (16,88%), Belo Horizonte (13,37%), Belém (19,75%), Fortaleza (13,53%), Recife (21,71%), Natal (14,31%), Salvador (18,85%), João Pessoa (15,74%) e Aracaju (18,22%).
Na comparação mensal, o valor do conjunto dos alimentos básicos diminuiu em 16 das 17 capitais, com destaques para Recife (-3,00%), Fortaleza (-2,26%), Belo Horizonte (-2,13%) e Brasília (-2,08%). A alta de 0,27% foi registrada em Belém. Apesar do recuo no custo da cesta em agosto em relação a julho, colocar comida na mesa da família consome cerca de 60% do salário mínimo. Isso considerando apenas comida.
De acordo com o Dieese, quando se compara o custo da cesta e o salário mínimo líquido, ou seja, após o desconto de 7,5%, referente à Previdência Social, verifica-se que o trabalhador remunerado pelo piso nacional comprometeu em média, em agosto de 2022, 58,54% do rendimento para adquirir os produtos alimentícios básicos. Em agosto de 2021, quando o salário mínimo era de R$ 1.100,00, o percentual ficou em 55,93%.
No acumulado dos últimos 12 meses, foram registradas elevações em 11 dos 13 produtos da cesta, com destaques para os seguintes produtos que subiram em todas as cidades: batata, sendo que em São Paulo, a variação foi de 44,39% e, em Vitória, de 29,46%; óleo de soja, com maiores pesos em São Paulo (23,49%), Fortaleza (20,59%) e Vitória (20,32%); feijão carioquinha, com destaque para Goiânia (34,28%), Salvador (33,31%) e Recife (29,25%); e o preço do pão francês, cujo as maiores altas foram localizadas em Aracaju (30,66%), Salvador (29,08%) e Brasília (28,90%).
Entre os destaques dos produtos da cesta que registraram elevações nos últimos 12 meses estão: café em pó (62,49%), leite integral (60,08%), batata (44,39%), farinha de trigo (34,62%), banana (25,96%), óleo de soja (23,49%), manteiga (20,63%), pão francês (19,47%), feijão carioquinha (16,19%), açúcar refinado (12,50%) e carne bovina de primeira (3,18%). Apenas o arroz agulhinha (-3,46%) e o tomate (-3,41%) acumularam taxa negativa.
CESTA X SALÁRIO MÍNIMO
De acordo com o Dieese, quando se compara o custo da cesta e o salário mínimo líquido, ou seja, após o desconto de 7,5%, referente à Previdência Social, verifica-se que o trabalhador remunerado pelo piso nacional comprometeu em média, em agosto de 2022, 58,54% do rendimento para adquirir os produtos alimentícios básicos. Em agosto de 2021, quando o salário mínimo era de R$ 1.100,00, o percentual ficou em 55,93%.
Considerando a cesta mais cara, a de São Paulo, em agosto de 2022, o trabalhador paulistano precisou comprometer 66,88% da remuneração para adquirir os produtos da cesta básica, que é suficiente para alimentar um adulto durante um mês. Em julho de 2022, o percentual foi de 67,83%, e, em agosto de 2021, era de 63,93%.
A carestia dos preços dos alimentos no Brasil é reflexo das ações do governo Bolsonaro de acabar com a política de estoques reguladores de alimentos, finalidade da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), e dos desatinos políticos e econômicos do governo que levaram a uma desvalorização recorde do real frente ao dólar, além dos efeitos da pandemia de Covid-19 na economia, agravados pelo negacionismo e boicote à vacinação.
Além do desemprego, arrocho na renda e do recorde de trabalho precário, a fome explodiu no país atingindo 33 milhões de brasileiros.