Cedro do Líbano está na mira da polícia por vantagens indevidas a ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL)
A CGU (Controladoria-Geral da União) iniciou processo administrativo contra a empresa Cedro do Líbano, fornecedora de materiais de construção para o governo federal, na gestão de Jair Bolsonaro, devido a pagamentos suspeitos a ajudante de ordens do ex-chefe do Executivo.
Uma das pessoas favorecidas com esses pagamentos de despesas pessoais era a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, cujas contas pessoais eram pagas pelo então ajudante de ordens de Bolsonaro, tenente-coronel Mauro Cid.
O processo aberto pela CGU baseia-se na Lei Anticorrupção, que visa punir empresas envolvidas em atos de corrupção contra a Administração Pública.
Se for constatado que a Cedro do Líbano cometeu irregularidades, a empresa pode ser multada ou proibida de firmar novos contratos com entidades e empresas públicas.
DETALHES DA INVESTIGAÇÃO
A Cedro do Líbano é acusada de fazer pagamentos ao segundo-sargento Luis Marcos dos Reis, que, posteriormente, realizou saques em dinheiro vivo e cobriu despesas de cartão de crédito utilizado por Michelle Bolsonaro (PL).
A PF revelou, então, que o militar fez pelo menos 12 depósitos em dinheiro na conta de uma tia da então primeira-dama. A defesa de Michelle Bolsonaro afirmou desconhecer os repasses e negou irregularidades.
CONTRATOS E MOVIMENTAÇÕES FINANCEIRAS
A empresa, com sede em Goiânia (GO), recebeu R$ 301 mil em recursos do governo federal e teve movimentações financeiras atípicas de R$ 32 milhões, segundo o Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras).
Trata-se de órgão administrativo criado pela Lei 9.613, de 3 de março de 1998, durante as reformas econômicas feitas pelo governo de Fernando Henrique Cardoso. Vinculado ao Banco Central, tem a finalidade de disciplinar, aplicar penas administrativas, receber, examinar e identificar ocorrências suspeitas de atividade ilícitas relacionada à lavagem de capitais.
A Cedro do Líbano venceu três pregões eletrônicos em 2021, durante a gestão Bolsonaro, resultando em contratos com:
• a Codevasf (Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba);
• o Ifto (Instituto Federal de Tocantins); e
• a Ufes (Universidade Federal do Espírito Santo).
DECLARAÇÕES OFICIAIS
A Codevasf contratou a Cedro do Líbano para fornecer equipamentos agrícolas, confirmando a entrega correta dos mesmos em 2023.
A empresa declarou, por meio de nota, desconhecer qualquer relação entre seus sócios e terceiros, e o marido de uma das sócias, Vanderlei Cardoso de Barros, afirmou que as transferências financeiras eram referentes a consórcio privado com o sargento Luis Marcos dos Reis.
O QUE PRECISA SABER
Empresa investigada: Cedro do Líbano, fornecedora do governo federal.
Pagamentos suspeitos: Valores destinados ao segundo-sargento Luis Marcos dos Reis, ajudante de ordens de Bolsonaro.
Investigação: PF (Polícia Federal) e CGU investigam possíveis vantagens indevidas a servidores públicos.
Consequências: Empresa pode enfrentar multas e ser proibida de firmar novos contratos com o governo.
EIS OS FATOS
Luís Marcos dos Reis está detido desde maio de 2023, por ordem do STF (Supremo Tribunal Federal), no âmbito de inquérito que investiga esquema de falsificação de cartões de vacinação.
As transferências para o sargento foram reveladas em reportagem do portal UOL, em 2022.
A Cedro do Líbano Comércio de Madeiras e Materiais para Construção Ltda enviou, pelo menos, R$ 25.360 para a conta do militar até julho de 2022.
Ele também fez, também, 12 depósitos em dinheiro na conta de uma tia de Michelle, de acordo com a PF.
Relatório do Coaf enviado à CPMI do Golpe destacou movimentação “incompatível” de recursos nas contas da empresa. Entre janeiro de 2020 e abril de 2023, a Cedro do Líbano teria recebido e desembolsado R$ 16 milhões cada.
A empresa também é alvo de inquérito da PF, em andamento no STF (Supremo Tribunal Federal), e do TCU (Tribunal de Contas da União), que investiga as movimentações financeiras.