Ernesto Araújo, ministro das Relações Exteriores de Bolsonaro, afirmou que “o céu é o limite” no futuro das relações entre o Brasil e os Estados Unidos no futuro governo.
Araújo já declarou que considera Trump “o salvador do Ocidente”. “Aos olhos do mundo, a política externa brasileira passará a ser comandada por um discípulo do trumpismo”, disse uma fonte do Itamaraty, quando Araújo foi anunciado ministro.
“The ‘sky is the limit’ para a relação bilateral”, exclamou o futuro chanceler, para uma plateia composta por empresários dos dois países, segundo relatos de participantes da reunião do Conselho Empresarial Brasil – Estados Unidos, promovida pela CNI (Confederação Nacional da Indústria) e pela US Chamber of Commerce.
Araújo disse ainda que o encontro entre Bolsonaro e John Bolton, assessor de segurança nacional dos EUA, na semana passada, quando o capitão reformado bateu continência para o funcionário de Donald Trump, deixa claro que “há um salto qualitativo [nas relações] e isso permitirá fazermos coisas que seriam impensáveis”.
Entre as prioridades, mencionou a sua esperança no apoio dos norte-americanos para o ingresso do Brasil na Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), pois os EUA vinham bloqueando a candidatura brasileira.
Para o futuro chanceler, por muitos anos houve um teto para o avanço na relação Brasil-EUA, por causa da “ausência de uma visão de mundo comum entre os governos brasileiro e americano”. Ele afirmou que a equipe de Bolsonaro vê a inserção do país no mundo de uma maneira estratégica, semelhante à abordagem de Trump.
Segundo Araújo, a máquina negociadora brasileira é atrasada, pois o Itamaraty divide os temas em áreas temáticas desconectadas uma das outras, o que dificulta o desenvolvimento das relações bilaterais – onde, no seu entender, está o dinamismo do mundo atual.
A fala de Araújo acontece após a visita do assessor de Trump, John Bolton, que insistiu em mais privilégios para as empresas dos EUA e mais benesses no comércio.
Benesses que já não são poucas. De 2009 até 2017 o Brasil foi dos poucos países do mundo que mantinham déficits comerciais com os EUA. O fluxo de comércio entre os dois países proporcionou saldos positivos e bastante elevados para os americanos. O maior deles foi registrado em 2013, no montante de US$ 11,365 bilhões, fruto de exportações de US$ 36,018 bilhões e vendas brasileiras de pouco mais de US$ 24,653 bilhões.
Nesses oito anos, o saldo acumulado pelos Estados Unidos superou a cifra de US$ 48,3 bilhões, o maior déficit já registrado na história do comércio exterior brasileiro num período de nove anos com um único país. Em 2017 houve uma pequena reversão na balança entre os dois países. Entre os principais produtos exportados pelo Brasil aos EUA no ano passado está o óleos bruto de petróleo, cujas vendas externas expandiram em 65%.
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