A campanha histérica do “foi Putin que fez”, ou “a culpa é da Rússia”, acaba de fazer nova vítima, desta vez o ministro holandês das Relações Exteriores, Halbe Zijlstra, que teve de renunciar na semana passada após virar motivo de chacota nas redes sociais, com memes em que aparecia desde na Lua ao lado do astronauta Neil Armstrong, até o desembarque na Normandia no Dia D, sob o hashtag #HalbeWasErbij (HalbeEsteveAqui).
Outra gozação foi #LyingDutchman (#HolandêsMentiroso), uma brincadeira com o conhecido “Flying Dutchman”.
“Não vejo outra opção, a não ser apresentar minha demissão”, anunciou Zijlstra ao parlamento, diante do alarido sobre sua mentira. Em 2016, ele afirmou ter ouvido de Putin em 2006, em reunião deste com executivos de petroleiras, quando era alto funcionário da Shell, que o presidente russo pretendia criar uma “Grande Rússia”, que incluiria Rússia, Bielorrússia, Ucrânia, Países Bálticos e, seria bom, o Cazaquistão também”.
Mas o jornal Volkskrant descobriu que, apesar de Zijlstra ter participado da delegação da Shell, ele não estava de fato presente na reunião em questão. (Além de por que Putin iria contar isso logo para a Shell e outras “irmãs”?)
Zijlstra reconheceu que sua credibilidade havia ido para o espaço e que sua posição como chanceler se tornara insustentável. “O país merece um ministro das Relações Exteriores irrepreensível”, declarou no discurso de adeus. Ele também chamou sua mentira de “o maior erro” da sua carreira.
Antes, ele tentara um remendo dizendo que “tinha ouvido” de outro executivo que estava lá, mas não colou. A fracassada mentira, no entanto, cai como uma luva na pressão de Washington – e do cartel bélico – para aumentar os gastos militares dos países europeus para 2% e para empurrá-los para novas provocações contra a Rússia.