“As ameaças de guerra pesam sobre a Nação e apresentam recrudescimento por ocasião da jornada anunciada pela oposição/ Assembleia Nacional (AN) para este dia 23”, alerta a Aliança pelo Referendo Consultivo, exigindo que “Maduro e Guaidó se sentem, frente a frente, e iniciem o diálogo já”. As declarações foram proferidas em coletiva no dia 20 em Caracas.
A Aliança pelo Referendo Consultivo (ARC) acaba de se formar de forma ampla reunindo ministros do governo Hugo Chávez, organizações políticas e sociais que formam a Plataforma em Defesa da Constituição à qual se uniram setores que formaram a MUD, Mesa da Unidade Democrática, principal aliança de oposição ao governo de Chávez.
A proposta da nova unidade pelo diálogo na Venezuela foi apresentada por um ex-diretor da MUD, Enrique Ochoa Antich, escolhido como porta-voz da Aliança.
Antich destacou os pontos da proposta que pode servir de base ao diálogo entre Maduro e Guaidó:
¨Primeiro ponto que se deve advogar: a designação, por consenso, de um Conselho Nacional Eleitoral (CNE).
Segundo ponto: considerar a opção constitucional, legítima e pacífica do Referendo Consultivo para mandatar a relegitimação de todos os poderes públicos nacionais mediante eleições gerais”.
A pergunta que constaria no referendo seria: “Você está de acordo com a relegitimação de todos os poderes públicos nacionais mediante eleições gerais a se realizarem dentro de seis meses posteriores a este referendo?”
Na entrevista coletiva, além do porta-voz, Enrique Ochoa Antich, estiveram presentes os ex-ministros do governo Hugo Chávez, Oly Millán, Edgardo Lander, Héctor Navarro e Gustavo Márquez; o ex-presidente do Colégio Nacional de Jornalistas, Manuel Isidro Molina; o ex-candidato a presidente em 2018 (eleições vencidas por Maduro), Reinaldo Quijada; o porta-voz da formação Marea Socialista, Gonzalo Gómez; Esteban Emilio Mosonyi, até há pouco ministro da Educação do governo Maduro, entre outras lideranças do país.
Em sua declaração, Antich enfatizou:
“Exigimos que o governo e a AN sentem-se para negociar já. Poder Executivo e Poder Legislativo, Nicolás Maduro e Juan Guaidó inclusive, frente a frente, com a finalidade de explorar espaços de acordo”.
Os promotores da Aliança consideram um erro, o governo se entrincheirar na posição de que na Venezuela não há uma crise humanitária em contradição com o que está a olhos vistos e negar-se de forma definitiva a entrada de doações, em particular as concernentes a medicamentos, sem apresentar opções.
“Nós apresentamos uma opção, perfeitamente viável, desde que reste algo de boa vontade: que a entrega dessas doações seja administrada pelo sistema das Nações Unidas, que tem como se fazer presente de imediato na fronteira, em conjunto com organizações de conhecida imparcialidade como a Caritas”.
Apesar das ameaças de violência, a ARC diz confiar com otimismo que os piores cenários de violência não se produzam. “Sabemos que a estas horas se está negociando intensamente”, informou ainda Antich e destacou: “Saudamos qualquer aproximação que evite um confronto armado e uma eventual intervenção militar estrangeira em nosso país”.
Acrescentando que a ARC está trabalhando para abrir canais de comunicação entre governo e a oposição/AN, o porta-voz enfatiza: “Mas que nunca se esqueçam de que eles sozinhos não representam um país social diverso e muito mais profundo e extenso que as elites políticas em disputa”.
Antich finalizou declarando que a Aliança pelo Referendo Consultivo se une em torno da palavra de ordem: “Dar a palavra ao povo!”