General Fernando Soares enviou mensagem repudiando o texto de militares golpistas, descoberto pela PF. Na ocasião o general era comandante militar do Sul
O ex-comandante militar do Sul, general Fernando Soares, enviou às suas tropas, quando os bolsonaristas acampavam no Quartel General do Exército pedindo um golpe, uma mensagem afirmando ser “inconcebível” qualquer “adesão a esse tipo de iniciativa” e prometendo punições.
O texto foi feito em resposta a um texto apócrifo, sem autoria identificada, de militares bolsonaristas da ativa e da reserva que pediam que as Forças Armadas dessem um golpe de Estado para manter Jair Bolsonaro na Presidência.
“Srs bom dia. Alertem aos seus subordinados que a adesão a esse tipo de iniciativa é inconcebível. Eventuais adesões de militares da ativa serão tratadas, no âmbito do CMS [Comando Militar do Sul], na forma da lei, sem contemporizações”, afirmou Fernando Soares, hoje, chefe do Estado Maior do Exército.
Em junho do ano passado, o general declarou em entrevista ao Estadão que “nós, o Exército, nunca quisemos dar nenhum golpe”. “Tanto não quisemos, que não demos. Não houve uma única unidade sublevada”, afirmou o general
O general Fernando Soares, assim como o general Tomás Paiva, ex-comandante do Sudeste e atual comandante do Exército, o general André Novaes, ex-comandante do Leste, e o general Richard Nunes, ex-comandante do Nordeste, posicionou-se contra o plano de golpe de Estado que vinha sendo arquitetado no governo de Jair Bolsonaro.
Na época, os bolsonaristas ficaram frustrados e começaram uma campanha de ataques nas redes sociais contra os militares chamando-os de “melancia”, ou seja, verde por fora e vermelho por dentro.
Segundo a Polícia Federal, o ex-presidente preparou um decreto que anularia as eleições presidenciais, das quais ele saiu derrotado, e prenderia ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) para concretizar o golpe.
Bolsonaro, conforme contou seu ex-ajudante de ordens, Mauro Cid, em depoimento à PF, chegou a levar esse documento para os comandantes das Forças Armadas para pedir seu apoio. No entanto, apenas o comandante da Marinha, Almir Garnier, concordou com o plano.
A Polícia Federal descobriu que o texto de militares pedindo a adesão do Exército ao intento foi produzido por dois coronéis, Giovani Pasini e Alexandre Castilho Bitencourt da Silva.
A informação foi obtida através da análise dos “metadados” do texto que circulou na internet. Metadados são as informações que ficam guardadas dentro dos arquivos.
O texto dos dois dizia que os militares devem estar “sempre prontos para cumprir suas missões constitucionais” e “colocam os objetivos nacionais sempre em primeiro plano, desprezando quaisquer interesses pessoais”.
O golpe defendido por eles seria por uma suposta “pacificação política, econômica e social”. Esses militares ainda falam que a “covardia, injustiça e fraqueza são os atributos mais abominados para um Soldado”.