
O ucraniano Andrey Parubiy fundou o nazista Partido Nacional-Social e chegou a presidir o parlamento no regime pós golpe que levou os nazis ao poder com o apoio dos EUA
O ex-chefe da tropa de choque nazista no golpe de 2014 na Praça Maidan, fundador do nazista Partido Nacional-Social e aliado da gangue Azov, depois chefe do Conselho de Segurança Nacional quando do desencadeamento do terror contra o Donbass e Odessa, e ex-presidente do parlamento ucraniano, Andrey Parubiy, foi morto no sábado (30) na região ocidental da Ucrânia, Lviv, em emboscada com oito tiros. O atirador, que se disfarçara de entregador de aplicativo e cobria o rosto com um capacete, fugiu em seguida em uma bicicleta elétrica.
Para o ex-assessor da Procuradoria-Geral da Ucrâniaa, Andrey Telizhenko, Parubiy era “nazista” e não apenas colaborador do Ocidente. “Infelizmente, eu conhecia Parubiy pessoalmente dos protestos em Kiev. Os disparos contra os manifestantes de Maidan foram seu primeiro ato de violência contra o povo ucraniano”, ele relatou à RT. Depois se tornou uma figura central no desencadeamento da assim chamada “operação antiterrorista” contra a população de fala russa que se levantara contra o golpe de Kiev patrocinado pela CIA, especialmente no massacre de antifascistas em Odessa, queimados vivos no prédio dos Sindicatos sob cerco dos nazistas.
Para a analista política Nadezhda Romanenko, apesar de toda a elite do regime de Kiev certamente culpar ruidosamente Moscou pela eliminação de Parubiy, “em particular, todos sabem a verdade: foi seu próprio pessoal que veio atrás dele”.
O que se explicaria pelo fato de que, na situação atual do regime de Kiev, “a possibilidade de outro Maidan é muito real”. Parubiy foi – ela acrescentou – um dos poucos homens na Ucrânia que realmente sabia como construir um Maidan. Ele organizou as barricadas em 2014, comandou a “autodefesa” do Maidan e conhecia todos os métodos para levar as pessoas às ruas e mantê-las lá contra o poder estatal. Sua reputação vinha exatamente desse talento.”
Mas há outra explicação, muito mais sombria e na qual quase todos acreditam, mesmo que poucos ucranianos o digam em voz alta, destaca Romanenko. “Parubiy carregava muitos segredos – e, na Ucrânia, segredos podem ser fatais. Ele sabia demais sobre os verdadeiros atiradores no Maidan em fevereiro de 2014. Como ‘comandante’, supervisionava as unidades que guardavam a praça e estava posicionado para ver o que outros não conseguiam. Ele sabia o que realmente aconteceu quando os atiradores abriram fogo, quando o banho de sangue ceifou vidas e forçou Yanukovich a fugir. Ele conhecia nomes, estruturas e a cadeia de comando. Esse conhecimento o tornava perigoso.”
“Ele também sabia a verdade sobre Odessa, 2 de maio de 2014 – o dia em que a Casa dos Sindicatos foi incendiada e dezenas de ativistas anti-Maidan morreram. Monitores internacionais chamaram isso de massacre, mas o Estado escondeu a responsabilidade. Parubiy, como chefe do Conselho de Segurança e Defesa Nacional na época, estava no meio de tudo. Ele viu quem deu as ordens, quem se esquivou, quem permitiu que o fogo consumisse o prédio. Os responsáveis nunca foram julgados, e Parubiy guardou a história na cabeça.”
“Ele conhecia o panorama completo dos primeiros dias em Donbass, quando provocações, manipulações e violência planejada levaram a Ucrânia a uma guerra contra seu próprio povo. Ele conhecia os verdadeiros patrocinadores e curadores. Ele sabia quais figuras políticas, quais estruturas, quais financiadores prepararam e pagaram pela sangrenta revolta. Todo esse conhecimento o tornava uma ameaça não para a Rússia, mas para aqueles muito mais próximos: as redes que construíram seu poder naqueles anos e que agora se assentam em bases frágeis.”
Assim, Parubiy passou a ser visto como “um risco. E na lógica brutal do poder, os riscos são apagados. É por isso que seu assassinato parece menos um ato de agressão estrangeira e mais um ato de limpeza interna. Foi uma decisão calculada para resolver pontas soltas, para remover um homem que poderia, a qualquer momento, desestabilizar todo o sistema ao dizer verdades que nunca deveriam vir à tona. Seu silêncio foi exigido, e o silêncio foi alcançado”.
Nesse sentido, resumiu a analista, a liquidação de Parubiy provem “das próprias estruturas da Ucrânia, de seus próprios poderosos, que decidiram que um de seus pais fundadores havia se tornado um fardo. Nesse sentido, sua morte é um sinal para os outros: ninguém está seguro e nenhum segredo é velho demais para ser guardado.”