
A palavra de ordem “eu quero agora, eu quero já, eu quero ver o juro abaixar” deu o tom no ato realizado pelas centrais sindicais e diversas entidades na manhã desta terça-feira (18), em frente à sede do Banco Central (BC), na Avenida Paulista.
Além de representantes das centrais CUT, CTB, Força Sindical, UGT, CSB e Nova Central, centenas de estudantes da União Municipal de Estudantes Secundaristas (UMES-SP) e lideranças de movimentos sociais como a Federação das Mulheres Paulistas e do Movimento Contra a Carestia se somaram ao ato e se manifestaram exigindo uma queda drástica da taxa básica de juros (Selic).

A nova taxa, que atualmente está em 13,25% ao ano, um dos maiores juros do mundo, vai ser anunciada amanhã pelo Comitê de Política Monetária (COPOM) do BC.
“Não podemos conceber que o presidente do Banco Central, que não é mais Roberto Campos Neto, mas um indicado do presidente Lula, mantenha essa política”, afirmou o presidente da CTB, Adilson Araújo.

De acordo com Adilson Araújo, além dos indiciados na tentativa de golpe do 8 de janeiro, que estão prestes a serem julgados, também é preciso “varrer” do BC, “essa turma” que só pratica “medidas que prejudicam o nosso povo”.
“O sentido dos juros altos muitas vezes é difícil para o povo entender, porque a imprensa está pouco ou quase nada preocupada em esclarecer a relação dos juros altos com a indústria”, diz Araújo, para quem “toda e qualquer economia no mundo está indicando que para enfrentar o problema da grave recessão é necessário reduzir juros, melhorar o consumo das famílias e indicar um processo de industrialização”.
Segundo ele, “o que nós precisamos”, independente da autonomia do Banco Central, “é colocar o pé na porta e exigir a alteração da política econômica, para resolvermos o problema da carestia dos alimentos, para rompermos com essa lógica capitalista, que ao invés de investir na produção fica especulando no mercado financeiro, porque é mais rentável comprar título dos juros da dívida do que investir em máquinas e equipamentos”.
“O Brasil não pode se dar ao luxo de, só em 2024, ter destinado mais de um trilhão de reais para pagar juros da dívida”, finalizou.

Para o presidente da Força Sindical, Miguel Torres, “a atual taxa de juros é extorsiva”.
Miguel Torres alertou que, caso a expectativa do mercado financeiro se confirme, e os membros do Copom decidam aumentar a Taxa Selic, “o BC, mais uma vez, se curvará aos interesses dos especuladores”.
Também presente no ato, o secretário-geral da Força Sindical, João Carlos Gonçalves, o Juruna, disse que “precisamos de menos juros e mais empregos e renda”. Segundo Juruna, “se a taxa da Selic não fosse tão alta e não estivesse emperrando a roda da economia, travando a distribuição de renda, o Brasil poderia estar em outro patamar econômico”.
“O Brasil precisa de investimentos, e distribuição de renda e juros mais baixos contribuem para que isso aconteça”, disse o vice-presidente da Força, Sérgio Luiz Leite (Serginho).

De acordo com a presidente da Federação das Mulheres Paulistas (FMP), Keila Pereira, uma das 50 entidades que compõem o Movimento Contra a Carestia, a atual taxa de juros praticada pelo BC é “um escárnio” e um verdadeiro “absurdo contra o povo brasileiro”.
Conforme Keila, não adianta querer se falar em emancipação das mulheres sem que haja desenvolvimento do país. E, segundo ela, “essa taxa de juros praticada hoje é o atraso para esse desenvolvimento”.
“Essa taxa de juros é o desemprego, é a fome, é a garantia de um país que vai continuar a ser submisso. E não é isso que a gente precisa, não é isso que o povo quer”, afirmou.
A líder feminina ressaltou ainda que, apesar dos avanços e conquistas para a população no atual governo, “não vai existir programa social que resista a essa taxa de juros, porque o poder de compra continua prejudicado”.

“A gente precisa valorizar o salário mínimo. A gente precisa garantir que as pessoas consigam comer, isso é o mínimo”, afirmou, chamando a todos para também se juntarem a Campanha Contra a Carestia dos alimentos.
“Abaixo a carestia que a panela está vazia!, disse, ressaltando que “essa também é a luta de todo o povo nesse momento”.
“E a gente não vai arredar o pé enquanto não garantirmos que essa seja também uma prioridade do nosso governo. Vamos dizer não a essa política de déficit zero. Não aos juros altos: ‘Levanta a mão, é um assalto”. Não aos juros altos’”, denunciou Keila.