“Estamos analisando todas as opções”, afirmou o embaixador chinês nos EUA, Cui Tiankai, ao ser indagado pela Bloomberg se a China poderia deixar de comprar títulos do Tesouro dos EUA, em resposta às medidas de guerra comercial anunciadas por Trump, com sobretaxas de US$ 60 bilhões a produtos chineses. A China é o maior detentor de títulos do Tesouro dos EUA (US$ 1,168 trilhão) – o que corresponde a 18,7% da dívida, seguido de perto pelo Japão.
A China, que já divulgou lista inicial de produtos norte-americanos que poderiam ser retaliados em reciprocidade no valor de US$ 3 bilhões, declarou que não quer a guerra comercial, mas “não tem medo” dela. Para Cui, qualquer medida “unilateral” de Washington “certamente prejudicaria a vida cotidiana das pessoas de classe média americanas, das empresas americanas e dos mercados financeiros”.
O pretexto para as sobretaxas alegado pelo governo Trump foi que a China esta “roubando” a propriedade intelectual das corporações ianques, ao impor condições para que estas produzam e faturem no país com a segunda maior economia do mundo. Trump vem “exigindo”, ainda, que a China corte “US$ 100 bilhões” no seu “superávit comercial”. A GM, por exemplo, já vende mais carros na China do que nos EUA.
A chamada “opção nuclear” também foi referida pelo Washington Post, que registrou trechos de um artigo de um especialista do Ministério do Comércio chinês, Mei Xinyu, no China Daily, em que este considera a possibilidade de vender títulos do Tesouro e minar o mercado de ações dos EUA para fazer – nas palavras do Post – “Trump sentir dor”.
Como medida inicial de resposta, Mei aconselha um “um ataque de precisão. “A China deve primeiro tomar medidas para desferir um golpe nos setores econômicos dos EUA que ajudaram Trump a vencer a eleição presidencial e aqueles estados cujos líderes políticos ainda o apoiam nas eleições de meio deste ano”.
Por trás da gritaria sobre a “defesa da indústria dos EUA”, está a pressão para que os bancos americanos tenham “maior acesso ao mercado chinês”, conforme se depreende de artigo do Wall Street Journal, sobre carta dirigida a Pequim, que também reivindica redução nas tarifas das importações de automóveis e aumento nas compras de semicondutores fabricados nos EUA.
Quanto às sobretaxas, apesar da China ter 48% da produção de aço do planeta, na exportação do produto para os EUA é apenas o 11º. Pequim também tem contestado os números de Washington para o déficit, denunciando que é inflado e enganoso, por ignorar que, como no caso dos iPhones, cuja montagem é feita no país asiático, só representa 3-6% do valor agregado.
O que, no caso do iPhone importado da China, registrado como déficit por aparelho por quase US$ 1.600 (já descontados US$ 260 de componentes americanos exportados para a China), de valor agregado no país asiático mesmo, só corresponde US$ 65, conforme o zerohedge.
No sábado, o novo vice-primeiro-ministro chinês Li He alertou ao secretário do Tesouro, Steve Mnuchin, de que a China “defenderá seus interesses”. O Goldman-boy Mnuchin telefonou para “parabenizá-lo pela nomeação”. Nesse morde e assopra, Liu sugeriu em uma conferência com executivos em Pequim que seja mantida uma “atitude pragmática” entre China e EUA e “negociações para resolver diferenças e fricções”.