As sementes levadas para a Lua pela missão chinesa Chang’e-4 germinaram, informou a CNSA, agência espacial chinesa nesta terça-feira (15). É a primeira vez que um material biológico cresce na Lua, sendo um marco importante para a exploração espacial de longa duração e mais um êxito dessa missão lunar.
Este não é um feito simples: as temperaturas na superfície lunar podem exceder os 100 graus Celsius, durante o dia, e 100 negativos, durante a noite, além de maior radiação solar e uma gravidade menor do que na Terra.
O cientista chinês Xie Gengxin, encarregado da experiência, disse em entrevista ao jornal South China Morning Post que a sua equipe desenhou um recipiente capaz de manter a temperatura entre 1 e 30 graus, permitindo a entrada de luz natural, água e nutrientes. O referido dispositivo, um cilindro de alumínio com 18 cm de altura e 16 de diâmetro, e que pesa 3 quilos, custou mais de 10 milhões de yuan (1,29 milhão de euros, equivalente a R$ 5,5 milhões).
Xie Gengxin acrescentou que “nós levamos em consideração a sobrevivência futura no espaço, e aprender sobre o crescimento dessas plantas em um ambiente de baixa gravidade nos permitiria estabelecer os meios para a futura criação de uma base espacial”.
A agência de notícias chinesa Xinhua afirmou que as sementes foram “adormecidas”, por meio de tecnologia biológica, durante a jornada de 20 dias da Terra à Lua.
Elas só começaram a crescer quando o centro de controle da missão enviou um comando para a sonda regar as sementes. Na sexta-feira (11), o programa chinês de exploração espacial divulgou várias imagens, incluindo fotos panorâmicas do local de pouso, assim como vídeos da aterrissagem.
A China anunciou sua intenção de continuar a expandir o seu programa de exploração do espaço, com o objetivo de coletar amostras na Lua, durante este ano, e em Marte, em 2020.
A Chang’e 4 – que é o nome da deusa chinesa da Lua – é a primeira missão a pousar e explorar o lado oculto da Lua, aquele que não pode ser visto do nosso planeta. A germinação de uma semente em solo lunar ressalta o sucesso da missão.
Para Fred Watson, do Observatório Astronômico da Austrália, esta é “uma boa notícia e sugere que pode não haver problemas intransponíveis para os astronautas no futuro ao tentar cultivar suas próprias plantações na Lua em um ambiente controlado. Eu acho que certamente há um grande interesse em usar a Lua como plataforma, principalmente para voos para Marte, porque é relativamente perto da Terra”, avalia Watson em declaração à BBC.