
A empresa chinesa dos veículos elétricos BYD anunciou uma solução para o principal problema que ainda tolhia os veículos elétricos, a desvantagem no tempo de reabastecimento em relação aos carros a combustão. Pela nova tecnologia, batizada como Super e-Plataform, o tempo de recarga é reduzido para tão somente cinco minutos, possibilitando autonomia de 470 km.
“Nosso objetivo é reduzir o tempo de carregamento dos veículos elétricos para o mesmo nível do abastecimento de veículos a combustão”, afirmou o fundador da BYD, Wang Chuanfu. A Super e-Platform opera com potência de até 1.000 kW, o dobro da potência máxima atualmente oferecida pelos carregadores da Tesla, que possuem capacidade de até 500 kW.
A BYD planeja ampliar a infraestrutura de recarga em território chinês, com planos de instalação de mais de 4.000 estações de carregamento ultrarrápido em diferentes regiões do país. Dados de fevereiro apontam que a empresa comercializou mais de 318 mil veículos elétricos no período, representando crescimento de 161% em relação ao mesmo mês do ano anterior. Como comparação, no mesmo período, a Tesla registrou queda de 49% nas vendas no mercado chinês.
“MOMENTO DEEPSEEK DOS VEÍCULOS ELÉTRICOS”
O jornal Global Times saudou a “inacreditável” façanha, assinalando que “este pode ser o momento DeepSeek para a indústria de veículos elétricos (EV) da China” e que “enviou ondas de choque” no mundo inteiro.
O GT registrou ainda, que em um relatório de pesquisa, “o Morgan Stanley afirmou que ‘é hora de romper o maior gargalo na popularização do EV’”. E observou que, em meio ao choque e à empolgação, “muitos meios de comunicação estrangeiros expressaram preocupação de que, se os EUA continuarem a excluir a tecnologia chinesa por meio de altas tarifas, o protecionismo poderá sufocar a inovação nas empresas americanas”.
O jornal assinalou que a indústria de veículos elétricos da China está “continuamente ultrapassando os limites do avanço tecnológico”. Por trás do avanço do carregamento rápido de megawatts – sublinhou – estão as inovações independentes da BYD em áreas-chave, como sistemas de carregamento ultrarrápido, motores de alta velocidade e chips de energia de carboneto de silício de nível automotivo.
De materiais de bateria a pilhas de carregamento refrigeradas a líquido, do design do motor à compatibilidade da rede, a BYD construiu um ecossistema tecnológico abrangente, apontou o GT.
A publicação chinesa citou, ainda, outra montadora, a Zeekr que apresentou recentemente sua solução “Zeekr G-Pilot”, que permite que um veículo localize de forma autônoma uma estação de carregamento, conecte e desconecte o carregador e conclua o pagamento após o motorista sair do carro. Outro protótipo, o Xiaomi SU7 Ultra marcou impressionantes 6:46.87 minutos em Nürburgring Nordschleife, na Alemanha.
“Se conveniência, conforto e alta relação custo-benefício se tornaram sinônimos de EVs chineses, é porque eles incorporam uma filosofia mais profunda – os avanços tecnológicos da China são projetados para servir as pessoas.”
Ainda segundo o GT, meios de comunicação como Reuters e Axios reconhecem que o carregamento rápido de megawatts desencadeará uma nova onda de fabricação de baterias e equipamentos de carregamento em todo o mundo, revivendo o interesse dos investidores americanos no setor de veículos elétricos.
Apesar do tarifaço imposto por Washington aos veículos elétricos chineses e da aposta nos carros domésticos movidos a gasolina, “é difícil ver como EVs melhores e mais inovadores podem ser mantidos fora para sempre”, destacou o GT.
Atualmente, a China responde por mais de 75% do fornecimento global de baterias, com a CATL e a BYD detendo vantagens tecnológicas significativas sobre suas contrapartes ocidentais.
“A resposta de alguns países ao progresso tecnológico das empresas chinesas é lamentável. Recentemente, a Câmara dos Representantes dos EUA aprovou a Lei de Dissociação da Dependência de Baterias Adversárias Estrangeiras, colocando na lista negra seis empresas chinesas de baterias, incluindo BYD e CATL, de compras governamentais sob o pretexto de “segurança nacional”. Essa política pode parecer dura, mas acaba revelando miopia. Enquanto Washington discute como conter a tecnologia chinesa, montadoras como Ford e Mercedes-Benz estão fazendo parcerias ativas com empresas chinesas. Esse contraste prova uma verdade simples: em uma era de aprofundamento da globalização econômica, os bloqueios tecnológicos são como tentar parar a maré com uma rede de pesca – em última análise, eles só levam à confusão”.
GANHA-GANHA
O mercado global de EV está em um ponto de virada crítico, destacou o GT. O China EV 100 Forum prevê que as vendas domésticas e internacionais totais de EVs podem exceder 16,5 milhões até 2025. Nesta corrida que determinará o futuro cenário industrial, a escolha entre cooperação e confronto testa a visão e a sabedoria de vários países.
O editorial do GT enfatiza a visão das empresas chinesas: “não buscamos monopolizar o mercado, mas sim compartilhar os benefícios do desenvolvimento verde com toda a humanidade por meio da inovação tecnológica.”
Sob essa concepção, se explicam recentes desenvolvimentos como a assinatura de um memorando de cooperação estratégica da CATL com o Grupo Volkswagen, e ambas as partes aprofundarão de forma abrangente sua colaboração nas áreas de pesquisa e desenvolvimento de baterias de lítio para veículos de nova energia, aplicações de novos materiais e desenvolvimento de componentes.
Também o acordo de cooperação da BMW China com a Huawei, para integração do ecossistema HarmonyOS nas operações da BMW na China. Já a Geely e a Proton da Malásia estão desenvolvendo em conjunto seu primeiro EV, com mais de 200 engenheiros e designers da China e da Malásia colaborando na pesquisa e no design.