
Reunião da Organização de Cooperação de Xangai (OCX) em Pequim reforçou a unidade do grupo e isolou ainda mais as ações do presidente dos EUA
“A China se opõe firmemente a todas as sanções unilaterais ilegais e à jurisdição de longo alcance. Não há vencedores em uma guerra tarifária, e coerção e pressão não resolverão os problemas”, declarou o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, manifestando solidariedade ao governo de Vladimir Putin.
Em pronunciamento realizado nesta terça-feira (15), o representante chinês reiterou o apoio ao governo e ao povo russo frente às ameaças de Donald Trump de aplicar unilateralmente medidas caso a Rússia não detenha as forças fascistas ucranianas dentro de 50 dias. Além disso, os chineses se comprometeram em redobrar o seu apoio ao presidente Vladimir Putin.
As afirmações foram feitas durante uma reunião da Organização de Cooperação de Xangai (OCX) em Pequim, da qual participam o ministro de Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, e os principais diplomatas do grupo. De acordo com o governo de Xi Jinping, agindo unitariamente, os dez membros da OCX (China, Rússia, Cazaquistão, Quirguistão, Tadjiquistão, Uzbequistão, Índia, Paquistão, Irã e Bielorrússia) podem rapidamente converter o bloco em um contrapeso à Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).
“CONFIANÇA POLÍTICA MÚTUA ENTRE OS ESTADOS-MEMBROS”
O fato, assinalou Xi Jinping, é que “a confiança política mútua entre os Estados-membros se aprofundou e a OCX explorou com sucesso um caminho de cooperação regional que se alinha às tendências da época e atende às necessidades de todas as partes, estabelecendo um modelo para um novo tipo de relações internacionais”.
Durante uma reunião bilateral com Lavrov, Xi Jinping propôs que China e Rússia devem “fortalecer o apoio mútuo em fóruns multilaterais”, trabalhando para “unir os países do Sul Global e promover o desenvolvimento da ordem internacional em uma direção mais justa e razoável”.
No domingo, Lavrov já havia se encontrado com o ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi, para discutir a Ucrânia e as relações com os EUA. Para Wang Yi, a relação China-Rússia é uma das mais estáveis, maduras e estrategicamente valiosas entre as principais potências do mundo atual, e ambos os lados sempre consideraram e promoveram a cooperação em diversos campos com profundidade histórica, nível estratégico e perspectiva de longo prazo.
Wang, também membro do Birô Político do Comitê Central do Partido Comunista da China, afirmou que o foco atual dos dois países é a preparação para a próxima fase de intercâmbios de alto nível, o aprofundamento da coordenação estratégica abrangente, a promoção do desenvolvimento e da revitalização respectivos e o enfrentamento conjunto dos desafios trazidos por um mundo turbulento e em transformação.
“Como atual presidência rotativa, a China está disposta a trabalhar com a Rússia e outros Estados-Membros na preparação para a Cúpula de Tianjin, no planejamento de futuras direções de desenvolvimento, no fortalecimento da cooperação em diversas áreas e na promoção da construção da OCS a um novo patamar”, afirmou Wang.
Wang recordou também que, como este ano marca o 80º aniversário da vitória na Guerra de Resistência do Povo Chinês contra a Agressão Japonesa, ambos os lados também organizarão uma série de atividades comemorativas para o 80º aniversário da vitória na Segunda Guerra Mundial, a fim de defender os fatos históricos corretos sobre a guerra.
Lavrov afirmou que a Rússia está disposta a trabalhar com a China para aprofundar a cooperação em diversas áreas, sob a orientação estratégica dos dois chefes de Estado, alcançando continuamente novos resultados nas relações Rússia-China. “A Rússia continuará a apoiar totalmente a China em seu papel como presidência rotativa da OCX, fortalecerá a comunicação e a cooperação dentro da estrutura da OCX e garantirá o sucesso da Cúpula de Tianjin”, assinalou.