O governo chinês comunicou, na segunda-feira, que os planos dos japoneses de implantação de mísseis na ilha de Yonaguni perto de Taiwan é uma tentativa deliberada de “criar tensão regional e provocar confronto militar”.
A declaração veio depois que o ministro da Defesa do Japão, Shinjiro Koizumi, inspecionou uma base militar japonesa nas Ilhas Ryukyu e fez o anúncio da instalação de mísseis Tipo 03 Chu-SAM na Ilha de Yonaguni a apenas 110km da ilha de Taiwan.
“As forças de direita no Japão estão … liderando o Japão e a região em direção ao desastre”, disse a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Mao Ning.
Os governos da China e do Japão entraram em crise diplomática depois das declarações inflamatórias da primeira-ministra do Japão, Sanae Takaichi, sugeriu ainda neste mês, que a possibilidade de um ataque chinês contra Taiwan poderia resultar em uma resposta militar do exército japonês.
“A medida é extremamente perigosa e deve levantar sérias preocupações entre os países próximos e a comunidade internacional”, disse Mao. Ele também disse que Pequim, “é determinada e capaz de salvaguardar sua soberania territorial nacional”.
O ministro da Defesa japonês, Shinjiro Koizumi, disse no domingo, acreditar que a implantação dos mísseis na Ilha de Yonaguni irá “reduzir a probabilidade de qualquer ataque armado contra o próprio Japão” e disse que “a visão de que aumentará as tensões regionais não é precisa”.
Nos últimos anos, o Japão fez crescer consideravelmente sua presença militar na Ilha de Yonaguni citando a crescente influência chinesa na região como motivo.
A desculpa de que é uma medida “autodefensiva” é uma forma do governo ultradireitista do Japão de justificar escalar a pressão contra os chineses e que de fato ameaça a paz e estabilidade da região.
Yonaguni está equipada com equipamentos de vigilância dos mares e do espaço aéreo na região, assim como equipamentos de guerra eletrônica instalados em 2024 com a função de interromper com os sistemas de comunicações e de orientação dos países visinhos. A instalação dos mísseis teriam uma função ofensiva contra a China no Estreito de Taiwan.
“Ao implantar armas ofensivas na ilha sudoeste próxima a Taiwan, o Japão não está apenas criando tensão deliberadamente e provocando um confronto militar, mas também reacendendo o espectro há muito adormecido do militarismo – algo que deveria gerar alerta máximo entre os países vizinhos e a comunidade internacional”, acrescentou em editorial o jornal chinês Global Times.
Um total de 12 rotas aéreas entre a China e o Japão aparecem com 100% de seus voos cancelados, segundo dados da plataforma independente Flight Manager (DAST) atualizados nesta segunda-feira.
ALTO GRAU DE PERIGO
A proximidade geográfica do ponto mais ocidental das Ilhas Ryukyu, a Ilha de Yonaguni, que fica a apenas cerca de 110 quilômetros de Taiwan, significa que qualquer implantação militar ali acarreta um alto grau de perigo e um claro objetivo estratégico.
Atualmente, Yonaguni está equipada com uma instalação de monitoramento por radar projetada para escanear os mares e o espaço aéreo próximo. Uma unidade de guerra eletrônica, estabelecida pelo Japão em 2024, também está estacionada na ilha, com a missão de interromper as comunicações e os sistemas de orientação de outros países. Se mísseis forem implantados na ilha no futuro, isso representaria essencialmente uma implantação ofensiva altamente direcionada, criando
um novo ponto de confronto militar, o que perturbaria o equilíbrio estratégico em torno do Estreito de Taiwan e poderia até mesmo se tornar uma fonte de tensão regional.
MORADORES SE OPÕEM À IMPLANTAÇÃO DE MÍSSEIS
Seja na Ilha de Yonaguni ou na Ilha de Ishigaki, os moradores temem que as implantações militares de Tóquio transformem suas casas em potenciais campos de batalha e os coloquem na linha de frente caso um conflito ecloda.
O vereador de Ishigaki, Shiro Hanatani, disse ao Global Times, com evidente preocupação, que muitos moradores se opõem à implantação de mísseis capazes de atingir o território de outros países. Em particular, o reforço das forças militares em Ishigaki e áreas próximas será visto por outros como uma ameaça. O povo japonês comum vivenciou o sofrimento horrível da Batalha de Okinawa e dos bombardeios atômicos, e compreende muito bem o terror da guerra, frisou.
Desde a legislação de segurança de 2015, que flexibilizou as restrições do pós-guerra, passando pela aquisição de “capacidades de contra-ataque”, pelo abandono da postura “exclusivamente defensiva” e, agora, pela cogitação de abandonar os “Três Princípios Não Nucleares”, o Japão vem, passo a passo, abandonando as regras do acordo de paz do pós-Segunda Guerra Mundial.
“Sua verdadeira intenção é inconfundível: exagerar as chamadas “ameaças externas” para legitimar a expansão das Forças de Autodefesa, ampliar o escopo das atividades militares e, em última instância, concretizar sua ambição de se tornar uma potência militar”, denunciou o Global Times.
“O governo japonês deve reconhecer claramente que transformar as ilhas do sudoeste em uma frente militar não trará a chamada ‘segurança’; apenas tornará a situação regional mais perigosa. Manipular a questão de Taiwan não angariará apoio internacional; apenas exporá o fato de que o
Japão não refletiu suficientemente sobre sua história. Ignorar a opinião pública e buscar a expansão militar não é o caminho para construir uma nação forte, mas sim o início da repetição de erros do passado”, concluiu o jornal chinês.
Fabricante chinesa de mísseis hipersônicos posta vídeo promocional simulando ataque ao Japão
Empresa chinesa de fabricação de armamentos, Beijing Lingkong Tianxing, reveleu seu novo míssil hipersônico de baixo custo, o YKJ-1000. No vídeo promocional que eles postaram nas redes sociais, eles simularam um ataque aéreo ao Japão.
O novo míssil tem um alcance de 500 a 1300 km, atinge velocidades Mach 5 a 7 e mantêm voo por 360 segundos. Ele pode ser lançando de um contêiner de navios.
“Projetado para ataques rápidos e de precisão contra alvos de alto valor no território inimigo,” disse o porta-voz da empresa chinesa.
