Está ignorando os compromissos que permitiram seu retorno à comunidade internacional após a Segunda Guerra, adverte Pequim
Lin Jian, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, reagiu nesta segunda-feira (1) às declarações de autoridades japonesas que, nos últimos dias, tentaram minimizar os tratados que confirmam Taiwan como parte do território chinês.
”Sempre que questionado, o lado japonês simplesmente evita mencionar a Declaração do Cairo, a Proclamação de Potsdam e o Instrumento de Rendição do Japão — todos documentos que afirmam claramente que Taiwan deve ser devolvida à China —, assim como os quatro documentos políticos que formam a base das relações entre China e Japão e o compromisso político do governo japonês com o princípio de uma só China”, afirmou o representante, sobre as manipulações desencadeadas a respeito pelo governo de Sanae Takaichi.
OBRIGAÇÕES IGNORADAS
Para o porta-voz, o novo governo japonês ignora suas obrigações perante o direito internacional e os próprios compromissos que permitiram seu retorno à comunidade internacional após a Segunda Guerra Mundial.
“Isso demonstra um claro esquecimento das atrocidades cometidas pelo militarismo japonês, uma séria falta de respeito pela história da Guerra Antifascista e um desafio aberto à autoridade da ONU e à ordem internacional do pós-guerra”, enfatizou o diplomata.
Ele advertiu que o “curso da história não pode ser revertido e a linha vermelha da paz não deve ser cruzada”, observando ainda que o Japão “tenta minimizar a situação” enquanto continua seguindo pelo “caminho errado”. “A China não aceitará isso de forma alguma”.
Jian conclamou Tóquio a “aprender com as lições da história, refletir seriamente, levar em conta o que ouviu da China, retirar as declarações equivocadas — como é devido — e adotar medidas concretas para cumprir seus compromissos políticos com Pequim”.
A imensa maioria dos países do mundo – 181 – mantém relações diplomáticas com Pequim, cuja cláusula pétrea é o princípio de “Uma Só China” e sob a qual Taiwan é uma parte da China a ser reunificada, como já ocorreu com Hong Kong e Macau. A atual situação foi criada, durante a Guerra Fria, quando o Kuomitang, derrotado na Guerra Civil, refugiou-se em Taiwan, sob proteção da frota norte-americana, o que não muda sua condição de parte inalienável do território da China. Aliás reconhecida pelos EUA desde o governo Carter.
Há duas semanas, inusitada declaração da recém empossada primeira-ministra Takaichi, ameaçando uma “intervenção armada japonesa” no Estreito em caso de uma “emergência em Taiwan”, levou a China a repelir a provocação e advertir sem rodeios que “quem brinca com fogo acaba se queimando”.
BRINCANDO COM FOGO
Uma provocação ainda mais deletéria ao ser cometida no 80º aniversário da vitória na Guerra de Resistência do Povo Chinês contra a Agressão Japonesa e na Guerra Mundial Antifascista, vitória obtida ao custo de 35 milhões de vidas chinesas.
Como destacou o maior jornal chinês, o Diário do Povo, “desde os tempos modernos, o militarismo japonês se envolveu em agressão desenfreada e expansão no exterior, cometendo inúmeros crimes contra a China. Em 1895, o Japão anexou Taiwan à força por meio do Tratado de Shimonoseki, implementando um domínio colonial de 50 anos, reprimindo impiedosamente a resistência dos compatriotas de Taiwan, saqueando recursos maciços e causando graves danos à economia, cultura e meios de subsistência de Taiwan”.
“Em 1945, após 14 anos de luta árdua e sangrenta, o povo chinês alcançou uma grande vitória. O Japão assinou o instrumento de rendição e aceitou formalmente documentos legais internacionais que estipulavam a restauração de Taiwan à pátria, como a Declaração do Cairo e a Proclamação de Potsdam. A China recuperou Taiwan e retomou sua soberania sobre a ilha. Este foi um capítulo glorioso na defesa da unidade nacional da nação chinesa e uma parte importante da ordem internacional pós-Segunda Guerra Mundial.”
Como destacou o jornal, “o grande rejuvenescimento da nação chinesa e a reunificação da China são “tendências históricas imparáveis. O governo e o povo chineses estão decididos a salvaguardar a soberania e a integridade territorial do país. A questão de Taiwan é o cerne dos interesses centrais da China, e qualquer um que se atreva a tocar nessa linha vermelha não será tolerado pelos mais de 1,4 bilhão de chineses ou por toda a nação chinesa!”











