
O Ministério das Finanças da China anunciou a imposição de tarifas de 10 a 15% sobre vários produtos agrícolas dos Estados Unidos que, a partir desta terça-feira, 4 de março, elevou a tarifa adicional sobre as importações vindas da China para 20%.
Trump assinou uma ordem executiva em 3 de março que aumenta as tarifas sobre as importações da China em mais 10%, o que resultou em uma tarifa cumulativa de 20%; argumentando, sem nenhuma originalidade nem prova concreta, que o motivo para a imposição de mais tarifas seria o grande fluxo de tráfico de drogas que tem chegado aos Estados Unidos da China e de outros países.
Pequim acusou a Casa Branca de “chantagem”, reiterando que os EUA deviam usar outro argumento já que a China tem uma das políticas antidrogas mais rígidas do mundo.
“Serão impostas tarifas a certos produtos importados originários dos Estados Unidos a partir de 10 de março de 2025 (…) Será aplicada uma tarifa de 15% ao frango, trigo, milho e algodão (…) Será aplicada uma tarifa de 10% ao sorgo, soja, carne de porco, carne de bovino, produtos aquáticos, frutas, legumes e produtos lácteos”, anunciou o Ministério chinês.
Tais aumentos serão aplicados sobre a base das tarifas em vigor. As atuais políticas de redução, isenção e retenção de impostos não serão alteradas, e as tarifas impostas desta vez não serão reduzidas ou isentas, refere o comunicado.
“TENTAR EXERCER PRESSÃO EXTREMA CONTRA A CHINA É UM ERRO”
O Ministério do Comércio da China instou aos EUA a cancelar imediatamente o aumento das tarifas.
“Tentar exercer pressão extrema sobre a China é um erro de cálculo e um engano”, afirmou um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores de Pequim em uma entrevista coletiva, acrescentando que a China nunca sucumbiu à intimidação ou à coerção.
E o governo chinês ainda anunciou novas restrições de exportação e investimento a 25 empresas dos EUA, afirmando “motivos de segurança nacional”.
A China é o maior mercado para produtos agrícolas dos EUA, e o setor há muito tempo é vulnerável ao ser usado como saco de pancadas em momentos de tensão comercial.
Desde que regressou à Casa Branca, em 20 de janeiro, Trump assinou várias ordens executivas para impor tarifas sobre produtos do Canadá, México e China, e ameaçou também a União Europeia com tarifas, classificando o tratamento comercial do bloco aos EUA como “terrível”. Já o tratamento aplicado por ele…
TRUMP TAMBÉM JOGA COM TARIFAS CONTRA CANADÁ E MÉXICO
Além das taxas adicionais impostas à China, também começaram a valer nesta terça-feira (4), tarifas contra o Canadá e o México que Trump já ameaçava cobrar faz bastante tempo. Agora, todas as importações destes 2 países serão taxadas em 25%, com produtos energéticos canadenses sujeitos a taxas de importação de 10%.
O primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, afirmou que seu país aplicaria tarifas sobre mais de US$ 100 bilhões em produtos norte-americanos ao longo de 21 dias. Já a presidente do México, Claudia Sheinbaum, disse que seu governo tem “planos A, B, C e D” para lidar com as tarifas de Trump, mas sem dar mais detalhes.
A expectativa é que ambos os representantes do Canadá e do México anunciem ainda nesta terça-feira quais as medidas a serem tomadas.
As tarifas impostas pelos EUA ao Canadá e ao México deveriam começar em fevereiro, mas Trump concordou com uma suspensão de 30 dias para ‘negociar’ por mais tempo com seus dois maiores parceiros comerciais.
O chefe de governo da província (Estado) de Ontário, Doug Ford, ameaçou, esta terça-feira, com “cortar a eletricidade” de vários Estados norte-americanos se o presidente imponha tarifas absurdas ao Canadá.
Doug Ford, que dirige o governo do chamado coração industrial canadense, onde se concentra o setor da produção automotora do país, advertiu que seu país deve se sentir na obrigação de contestar Trump com represálias equivalentes, “dólar por dólar”, como resposta às imposições do estadunidense.
Se querem tentar aniquilar Ontário, farei o que for necessário, incluindo cortar-lhes a energia, com sorriso no rosto”, disse Ford durante sua primeira coletiva desde que ganhou a reeleição na semana passada. Ontário é um importante exportador de eletricidade a Estados como Nueva York, Michigan e Minnesota.
“Eles têm que sentir a dor. ¿Querem atacar-nos com dureza? Temos que devolver o dobro de dureza”, continuou Ford, que chamou outras províncias a fazerem o mesmo.
O canadense disse ainda que está preparado para aplicar uma sobrecarga a cada megavolt de energia que os Estados estadunidenses comprem a Ontário.
Ford acrescentou que se os Estados Unidos venham a impor as anunciadas tarifas, a LCBO, a empresa local que é uma das maiores compradoras de produtos alcoólicos do planeta, com a aquisição, a cada ano, de bilhões de dólares em bebidas, deixará de vender produtos dos EUA.
A medida afetará especialmente o Estado de Kentucky, principal produtor de bourbon. Ford também quer tomar medidas de represália contra um dos principais assessores de Trump, o biliardário Musk.
“Vamos cancelar imediatamente a Starlink, de Elon Musk. Não é que 100 milhões de dólares seja muito para ele, mas é o princípio. E ordenei que seja evitada a aquisição de perto de 30 bilhões de dólares em produtos que hoje adquirimos dos Estados Unidos e que se assegure que façamos compras no Ontário e no restante do país” acrescentou Ford.