O embaixador chinês na ONU exigiu uma investigação objetiva, imparcial e profissional sobre atentado
O representante permanente da China na ONU, Zhang Jun, pediu que a investigação da explosão do Nord Stream seja acelerada para que a verdade seja estabelecida rapidamente, insistindo em que os perpetradores não deveriam escapar impunes. A solicitação chinesa reforça a solicitação da Rússia de que a ONU investigue o ataque à crucial infraestrutura de fornecimento de gás russo aos países europeus e em particular à Alemanha, cometido em 26 de setembro do ano passado.
Artigo do premiado jornalista Seymour Hersh, no início do mês, denunciou que o ataque foi decidido nos mais altos escalões da Casa Branca e da CIA, com o planejamento da “ação cinética” tendo começado antes do início da operação militar especial russa na Ucrânia. A instalação dos explosivos por submarinistas norte-americanos ocorreu sob a cobertura de uma operação anual da Otan em junho do ano passado e a detonação ficou a cargo dos cúmplices noruegueses.
Foi também Hersh quem trouxe à luz o massacre de Mi Lai na Guerra do Vietnã; a perseguição de ativistas contra a guerra e pelos direitos civis, que resultou na Comissão Church do Congresso para investigar a CIA; e a tortura em Abu Graib, durante a Guerra do Iraque.
Para Zhang, as declarações de Washington sobre seu “não envolvimento” não são suficientes. “Estamos aguardando uma explicação convincente das partes envolvidas”, acrescentou. Ele disse ainda que a ONU, como a organização internacional com maior autoridade, deve desempenhar um papel ativo na investigação das explosões.
INVESTIGAÇÃO OBJETIVA E IMPARCIAL
O embaixador chinês exigiu uma investigação objetiva, imparcial e profissional sobre atentado, com a divulgação de conclusões não apenas sobre o incidente em si, mas também sobre como isso afeta a segurança da infraestrutura transfronteiriça global: isso precisa ser destacado”.
Segundo cálculos de cientistas chineses, as explosões, que romperam três de quatro gasodutos, derramaram 70 toneladas de gás por hora, gerado um incalculável dano ambiental, além de agravar a crise energética na Europa antes do inverno e de criar uma ameaça às infraestruturas civis globais. O presidente Putin, denunciou as explosões como um “ato de terrorismo internacional”.
Para o porta-voz da chancelaria chinesa, Wang Wenbin, “é intrigante o silêncio coletivo do governo dos EUA, da mídia e dos parceiros europeus. Todas essas ações incomuns reforçam a crença de que o bombardeio do Nord Stream foi extremamente complicado”.
Na terça-feira (21), a Rússia apresentou um pedido de investigação independente sobre a explosão do Nord Stream ao Conselho de Segurança da ONU. Entre outras coisas, a proposição prevê a criação de uma comissão internacional independente, com Moscou não tendo a menor razão para acreditar na imparcialidade e sinceridade das investigações da Suécia, Alemanha e Dinamarca sobre o assunto, das quais está excluída.
“ARMA FUMEGANTE”
Ao apresentar a proposta, o embaixador russo na ONU, Vassily Nebenzia, referiu-se ao artigo de Hersh e às declarações de várias autoridades americanas que ameaçam o oleoduto – do presidente Joe Biden e do secretário de Estado Antony Blinken à “madrinha do golpe anticonstitucional na Ucrânia”, a subsecretária de Estado para Assuntos Políticos Victoria Nuland.
Ele também mencionou o infame tuíte do ex-ministro das Relações Exteriores polonês Radek Sikorski e suposta mensagem de Liz Truss, então primeira-ministra britânica – tudo sugerindo que os EUA e seus aliados “tinham o motivo, bem como os meios e a oportunidade, de destruir Nord Stream”. “A evidência publicamente disponível é ‘mais do que uma arma fumegante’ de que Hollywood gosta tanto”, mas tudo o que Moscou quer é uma investigação internacional independente sobre as alegações do artigo de Hersh, sublinhou o diplomata russo. Se os países ocidentais bloquearem o pedido da Rússia para uma investigação da ONU, isso “só aumentará nossa suspeita”, acrescentou.
DIGITAIS DE WASHINGTON
“Esta não foi uma operação fácil de realizar. É o tipo de operação que a CIA e outras partes secretas do governo dos EUA realizam rotineiramente, e os EUA eram basicamente o único país com o motivo, os meios”, disse Jeffery Sachs, um economista de renome mundial, professor de Políticas Públicas na Universidade de Columbia e ex-Conselheiro Especial do Secretário-Geral da ONU. A denúncia de Hersh nomeia explicitamente Biden e seu conselheiro de Segurança Nacional Jake Sullivan.