Medidas de isolamento regional, rastreio massivo e levantamento e separação de contatos permitem à China o controle sobre a pandemia
Para evitar a propagação do coronavírus, o governo da China decidiu isolar duas cidades ao sul de Pequim, decretando a suspensão dos transportes e impedindo a circulação de milhões de moradores, nesta sexta-feira (15).
Desde que o vírus apareceu em Wuhan, no centro do país, no final de 2019, as autoridades chinesas agiram com rapidez, conseguiram conter a pandemia e controlar a situação, graças a testes em massa, isolamentos localizados e restrições de movimento.
Na quinta-feira (14), porém, 144 casos de COVID-19 foram confirmados, dos quais 135 foram transmitidos localmente e o restante veio de fora, anunciou a Comissão Nacional de Saúde.
Dos casos transmitidos localmente, 90 foram registrados na província de Hebei, no norte da China, 43 na Província de Heilongjiang (nordeste), um em Guangxi (sul) e um em Shaanxi (noroeste), revelou a comissão em seu relatório diário.
Nesse quadro, mais de 20 mil pessoas que, de alguma forma tiveram contato com o vírus, foram hospedadas em quartos de hotéis e instalações governamentais. Os chineses que foram isolados são de zonas rurais onde notou-se o aumento de casos.
Dez equipes médicas de duas províncias do leste da China foram designadas para fortalecer o sistema de saúde de Hebei para ajudar nos testes, já que a província reportou mais de 100 dos casos confirmados de COVID-19 desde o início de 2021.
“Os casos foram importados do exterior, mas as origens exatas estão sendo investigadas em profundidade por especialistas estatais, provinciais e municipais”, disse Li Qi, chefe do Centro de Controle e Prevenção de Doenças de Hebei, em entrevista coletiva nesta sexta-feira.
Li acrescentou que o surto está concentrado no distrito de Gaocheng, em Shijiazhuang, capital da província, e que outras infecções na região estão relacionadas a este mesmo surto. Uma campanha de testes em toda a cidade logo foi implementada para atingir seus 11 milhões de habitantes.
Mais de 3.000 profissionais de saúde de outras partes da província foram destacados para realizar a campanha massiva de testes. Até o meio-dia de quinta-feira, mais de 6 milhões de amostras foram coletadas e mais de 2 milhões analisadas, disse o vice-prefeito Meng Xianghong em entrevista coletiva na quinta-feira. Os testes identificaram 11 resultados positivos para o coronavírus, de acordo com Meng.
O controle do coronavírus no enorme país não tem sido por acaso. Medidas rápidas e drásticas, como testes em grande escala, rastreamento de contato e fechamentos localizados, definiram a resposta da China a surtos locais esporádicos.
Em outubro passado, a cidade portuária de Qingdao, no leste, testou mais de 10 milhões de pessoas em apenas quatro dias devido à descoberta de uma dúzia de casos de transmissão local.
No final daquele mesmo mês, a prefeitura de Kashgar, no oeste, realizou testes em quase 5 milhões de pessoas e impôs medidas de isolamento depois que um único caso assintomático de coronavírus foi relatado.
Os médicos se dirigiram à Shijiazhuang no final da quinta-feira, juntando-se aos trabalhos de teste de ácido nucleico nas cidades de Shijiazhuang e Xingtai ao chegarem, informou na sexta-feira o departamento de comunicação de Hebei.
As autoridades também anunciaram “controlar estritamente o movimento de pessoas e veículos” e todas as urbanizações terão de estar sob “gestão fechada”. Os moradores de Hebei também estão proibidos de entrar em Pequim, ou de sair da província, a menos em casos qualificados como absolutamente necessário.