A Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma (CNDR), principal órgão de planejamento econômico da China, divulgou, juntamente com outros nove departamentos do governo, na terça-feira (09), um plano nacional para promover a produção reduzindo a emissão de CO2 e outros poluentes em vários setores com uso intensivo de energia.
Um total de 100 empresas na indústria, agricultura, serviços, construção e transporte que utilizam aço, petroquímica, metais não ferrosos, que são os setores que mais geram emissões de carbono e poluição, estão sendo selecionadas para participar de um projeto piloto de retificação para produção limpa.
A Comissão assinalou que os níveis de eficiência de utilização de energia e recursos da China precisam ser melhorados significativamente até 2025, com uma queda significativa dos grandes poluentes e emissões de CO2 em todos os setores-chave.
“O plano representa uma implementação detalhada e em fases do projeto de alto nível da China para atingir seus objetivos de diminuir o uso de carbono. Também mobiliza os recursos de vários departamentos que supervisionam diferentes setores para maximizar os resultados”, disse Ma Jun, diretor do Instituto de Assuntos Públicos e Ambientais, ao Global Times na terça-feira.
Ele observou que a produção de aço na China no ano passado emitiu 15% das emissões de carbono liberadas no país.
“A questão chave é colocar um freio na expansão desenfreada das indústrias de alto consumo de energia, enquanto transformam seus modelos existentes de dependência excessiva de carvão e outros combustíveis fósseis”, sublinhou Ma, acrescentando que reduzir a queima de carvão pode ser uma “tarefa assustadora, mas é uma batalha necessária e vamos vencer, já que a segunda maior economia do mundo está em uma trajetória para buscar um desenvolvimento verde e de alta qualidade”.
O plano, vindo em um momento importante em meio à 26ª Conferência sobre Mudança Climática da ONU (COP26) em Glasgow, também afirmou a determinação inabalável do governo chinês de manter seus compromissos climáticos, apesar da escassez global de energia e outros desafios, destacando o aumento da aplicação de energia limpa e aumentando a proporção do uso de combustíveis não fósseis. Por exemplo, durante os próximos cinco anos, a China impulsionará ativamente a substituição de carvão, coque de petróleo, óleo pesado, óleo residual e semicoque por energia limpa de baixo carbono e calor residual industrial como combustível para fornos industriais, e usinas de energia, expressou Ma Jun.
No passado, os planos de produção limpa se concentravam mais em reduzir a poluição, mas neste ano a agenda foi “coordenada” com as metas de carbono, disseram analistas.
Tal objetivo é parte do plano de alto nível anunciado pelo Comitê Central do Partido Comunista da China (PCC) e pelo Conselho de Estado, no início de novembro, que definiu a participação do consumo de energia não fóssil em cerca de 20 por cento em 2025.
Lin Boqiang, diretor do Centro de Pesquisa de Economia de Energia da China na Universidade de Xiamen, disse ao Global Times que o lançamento do plano veio no momento certo para ajudar a remover dúvidas sobre a seriedade da China na aplicação das metas climáticas.
Em meio à escassez global de energia, aumentou a incerteza sobre a confiabilidade da nova energia limpa, disse Lin, mas isso é “apenas temporário, o plano logo vai mostrar sua eficiência real”.
Além do plano, o Banco do Povo da China (PBC), o banco central do país, disse na segunda-feira (08) que fornecerá empréstimos de baixo custo para ajudar as empresas a reduzir as emissões de carbono.
Alguns especialistas do setor preveem que as ferramentas financeiras serão capazes de canalizar mais de 1 trilhão de yuans (US$ 156,4 bilhões) para o mercado verde até o final do próximo ano.