
A China inaugurou oficialmente a primeira rede comercial de banda larga 10G do mundo, uma parceria entre a operadora estatal China Unicom e a gigante chinesa da alta tecnologia, Huawei, usando a tecnologia 50G-PON (Rede Óptica Passiva) e consolidando seu status de líder global na infraestrutura digital.
A rede foi implantada na cidade de Xiong’an, na província de Hebei, próxima a Pequim. O projeto faz parte do plano estratégico do governo chinês para transformar Xiong’an em um laboratório de inovação tecnológica e em uma metrópole sustentável. A iniciativa, chamada Digital China, tem como meta instalar uma rede óptica 10G em cerca de 100 regiões da China até 2025.
Os testes iniciais registraram velocidades de até 9.834 megabits por segundo (Mbps) para downloads, 1.008 Mbps para uploads e latência inferior a três milissegundos.
Com a nova rede 10G, em apenas 20 segundos se baixa um filme em 4K de 20 GB, que demoraria entre 7 e 10 minutos em uma conexão padrão de 1 Gbps.
As características de velocidade, estabilidade e baixa latência tornam a rede 10G apta a suportar aplicações de alta demanda, da realidade virtual e aumentada a veículos autônomos, e ainda operações industriais automatizadas, agricultura de precisão e telemedicina.
A rede 10G de Xiong’an faz parte de um plano mais amplo de modernização digital anunciado pelo Ministério da Indústria e Tecnologia da Informação (MIIT), que inclui projetos-piloto em regiões estratégicas, priorizando a instalação de redes ópticas de ultra-alta velocidade em comunidades residenciais, parques industriais e fábricas.
Há um ano, a China já havia inaugurado – em uma parceria da China Telecom com o governo do distrito de Yangpu, em Xangai – a primeira “Comunidade de Demonstração de Banda Larga em Nuvem 10G”, também baseada na tecnologia 50G-PON. A adoção dessa tecnologia permite alcançar as novas velocidades sem a necessidade de substituir toda a infraestrutura de fibra óptica existente, reduzindo custos e acelerando a implementação.
Espera-se que a nova rede 10G impulsione inovações em setores estratégicos, da saúde à indústria. Em medicina, deverá viabilizar mais precisão em diagnósticos e cirurgias remotas. Na indústria, nos processos de automação e inteligência artificial. A nova rede é especialmente vantajosa para a agricultura, pois permite o monitoramento em tempo real da qualidade dos produtos e o gerenciamento remoto da produção, acelerando o processo de digitalização das empresas.
6G POR SATÉLITE
Em paralelo, a China também está investindo na comunicação 6G por satélite, e a estatal China Telecom obteve recentemente uma patente nacional para isso, estabelecendo as bases para a construção de uma rede espacial-aérea-terrestre-marítima totalmente interconectada no futuro.
De acordo com Wen Ku, presidente da Associação de Padrões de Comunicação, a China fez progressos significativos na infraestrutura 5G, o que lhe dá uma vantagem sem comparação na exploração da tecnologia 6G, afirmou. União Europeia, EUA, Japão e Coreia do Sul já começaram a investigar o 6G.
Em julho do ano passado, um grupo de engenheiros de telecomunicações chineses anunciou o estabelecimento da primeira rede 6G de prova de campo do mundo, que integra comunicação e IA.
A rede experimental alcançou melhorias significativas nos indicadores principais de comunicação, como capacidade, cobertura e eficiência, segundo Zhang Ping, membro da Academia Chinesa de Engenharia e professor da Universidade de Correios e Telecomunicações de Beijing.
Wang Zhiqin, diretora do Grupo de Promoção IMT-2030 (6G), uma plataforma emblemática sob o governo para promover a 6G e a cooperação internacional, afirmou que a pesquisa sobre padrões de tecnologia 6G começará em junho deste ano e a fase de pesquisa tecnológica terminará em 2027. Espera-se que a primeira versão das especificações técnicas para os padrões da tecnologia 6G esteja finalizada até março de 2029.