
Em resposta à guerra comercial movida por Washington, Pequim impôs tarifas sobre as importações de Gás Natural Liquefeito (GNL) de até 99%, colocando os estadunidenses de fora do mercado chinês
Em resposta à guerra comercial movida pelo governo Trump, a China, após impor tarifas sobre os hidrocarbonetos dos Estados Unidos, anunciou a “copleta interrupção” das importações de gás natural liquefeito (GNL) do país por mais de dez semanas. No ano passado, apenas 6% das importações chinesas de GNL tiveram origem nos EUA, contra um auge de 11% em 2021, segundo o Financial Times.
Conforme os dados de embarque, divulgados na última sexta-feira (18), a adoção de tarifas de até 99% neste setor por Pequim coloca os hidrocarbonetos estadunidenses fora do mercado chinês.
Desde que um navio-tanque com 69 mil toneladas de GNL, oriundo de Corpus Christi, no Texas, chegou à província de Fujian, no sudeste da China, em 6 de fevereiro, não ocorreram mais carregamentos entre os dois países.
Washington pausou a maioria das tarifas por 90 dias, com a China sendo excluída e enfrentando tarifas de até 245%. A resposta chinesa foi imediata: tarifas de 125% sobre produtos dos EUA e restrição às exportações de minerais de alta tecnologia.
“Haverá consequências de longo prazo”, disse Anne-Sophie Corbeau, especialista em gás do Centro de Política Energética Global da Universidade de Columbia, para quem “os importadores chineses de GNL jamais contratarão qualquer novo GNL dos EUA”.
Ampliando e fortalecendo as novas relações, o embaixador chinês na Rússia, Zhang Hanhui, declarou nesta semana que Pequim deve aumentar suas importações de GNL do país, que se tornou o terceiro maior fornecedor de GNL da China, depois da Austrália e do Catar. No ano passado, a China liderou como o principal comprador de GNL russo na Ásia, importando 7 milhões de toneladas.
“Eu sei com certeza que há muitos compradores. Muitos compradores estão pedindo à embaixada para ajudar a estabelecer contatos com fornecedores russos, acho que definitivamente haverá mais [importações]”, disse Zhang Hanhui, frisando que os dois países debateram a proposta do gasoduto Power of Siberia-2 da Rússia para a China como uma das preciosas alternativas.
Cada vez mais a corda vai apertando no pescoço dos estadunidenses porque empresas chinesas como a PetroChina e a Sinopec haviam assinado 13 contratos de GNL de longo prazo com terminais norte-americanos. Alguns com duração até 2049, o que vinha sendo crucial não só para impulsionar como para estabilizar grandes projetos de GNL dos EUA. Sem os recursos chineses, a situação dos estadunidenses vai ficando difícil, devido ao enorme capital investido, aos preços inflacionados e aos custos relacionados às tarifas.