China realiza com sucesso primeiro lançamento de emergência de seu programa espacial

Espaçonave Shenzhou-22 parte para o resgate emergencial (Wang Jiangbo/Xinhua)

Enquanto a emergência chinesa levou 16 dias para sua solução, emergência espacial dos EUA no ano passado levou nove meses para ser solucionada

A China concluiu com êxito nesta terça-feira (25) seu primeiro lançamento de emergência de uma missão tripulada, realizado no tempo recorde de 16 dias, e a nave Shenzhou-22 já está acoplada à Estação Espacial chinesa, a Tiangong (“Palácio Celestial”), menos de quatro horas após o lançamento desde o Centro de Jiuquan com um foguete Longa Marcha-2F, registrou a agência de notícias Xinhua.

O sucesso da operação é ainda mais notável tendo em vista o episódio com dois astronautas norte-americanos no ano passado em que, após uma emergência na cápsula que os levara até a Estação Espacial Internacional, a Starliner da Boeing, tiveram de aguardar por nove meses o retorno do que deveria ser uma breve estadia de oito dias em um voo de teste.

No programa espacial chinês, de seis em seis meses três astronautas se revezam na estação espacial Tiangong. Assim, Zhang Lu, Wu Fei e Zhang Hongzhang, da Shenzhou-21 chegaram para substituir os três da Shenzhou-20, Chen Dong, Chen Zhoungrui e Wang Jie. Os seis foram protagonistas do primeiro churrasco no espaço.

A operação de emergência chinesa se tornou necessária porque na data prevista de retorno da tripulação da Shenzhou-20 em 5 de novembro, a agência espacial chinesa identificou suspeita de impacto de detritos espaciais na nave, impedindo uma reentrada segura, e seus três astronautas tiveram de voltar no dia 14 utilizando a recém chegada Shenzhou-21.

A Shenzhou-22 foi enviada sem tripulação, carregando alimentos, produtos médicos, frutas, vegetais frescos e equipamentos necessários para reparar uma janela danificada da Shenzhou-20, que segue conectada à Tiangong.

Com a Shenzhou-20 impossibilitada de realizar o retorno, era necessário garantir uma cápsula alternativa. A Shenzhou-22, que já estava posicionada no centro de lançamento, passou então a seguir protocolos de missão de emergência — algo nunca feito antes pelo programa espacial tripulado chinês.

TEMPO RECORDE

Agência Espacial Tripulada da China (CMSA, na sigla em inglês) destacou que a prioridade foi preservar a segurança das equipes em órbita e garantir a continuidade operacional da estação espacial chinesa. Atualmente, a tripulação do Shenzhou-21 em órbita está em boas condições e realizando suas tarefas programadas conforme planejado.

A CMSA relatou que após o incidente de 5 de novembro foram prontamente ativados planos de emergência, concretizados em 20 dias, abrangendo análise de riscos, mobilização de pessoal e material, transferência e retorno da tripulação e lançamento de espaçonaves de emergência.

“Isso forneceu um modelo bem-sucedido para a comunidade espacial internacional na resposta eficaz a incidentes inesperados”, disse a CMSA em comunicado.

O sucesso dessa missão demonstra plenamente o princípio centrado nas pessoas e a segurança em primeiro lugar do programa espacial tripulado da China, e verifica de forma abrangente a confiabilidade da estratégia “lançar um, um na espera, backup contínuo” para as missões da estação espacial chinesa, conforme o comunicado.

Segundo reportagens da mídia, a recarga de suprimentos inclui lanches, suplementos de saúde, condimentos, além de asas de frango, bife, bolos e produtos frescos.

Quanto à nova missão espacial que a espaçonave Shenzhou-20 realizará após o incidente, Zheng Wei, da China Aerospace Science and Technology Corporation (CASC), disse que, como a tripulação em órbita não pode remover a janela rachada por motivos de segurança, apenas repará-la por dentro, não é 100% seguro usá-la para retorno tripulado. No entanto, ainda pode ser utilizado para retorno de carga.

“Durante esta missão, também carregamos equipamentos de reforço para garantir ainda mais a segurança. Estamos bastante confiantes em garantir um retorno seguro da carga”, disse Zheng.

Como o primeiro lançamento de emergência da China, a missão Shenzhou-22 destacou várias características-chave: primeiro, apesar de ser uma missão não tripulada, estava totalmente equipada com uma torre de escape e mantinha status de prontidão tripulada o tempo todo. Além disso, o processo de lançamento, que normalmente leva mais de 30 dias, foi condensado em apenas 16 dias, com inúmeros funcionários de apoio correndo contra o tempo, informou a CCTV News.

“LANÇAR UM, OUTRO À ESPERA”

A missão manifestou o princípio de “lançar um, ficar um à espera” e que “é melhor estar preparado e não precisar do que precisar e não estar preparado”, refletindo o respeito supremo de um grande país responsável pela vida.

Como a primeira espaçonave do novo lote, a espaçonave Shenzhou-22 passou por múltiplas atualizações tecnológicas, alcançando melhorias abrangentes nas funções e desempenho. Por exemplo, melhorias no sistema de instrumentos aprimoraram o design industrial da interação homem-máquina e a miniaturização do painel de instrumentos e o layout otimizado da cápsula de retorno aumentaram significativamente a capacidade de carga descendente, informou o CCTV.

Ao Global Times, o especialista aeroespacial Song Zhongping disse que a operação estabeleceu um “modelo clássico” para as potências espaciais mundiais no manejo de emergências espaciais, acrescentando que esse incidente também trouxe um insight crucial – a importância dos portos de acoplamento unificados em operações internacionais de resgate de emergência espacial.

Matéria produzida com colaboração de texto e imagem da Agência Xinhua

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