“A China se opõe firmemente à implementação de sanções unilaterais e ao que a jurisdição de longo braço que a Casa Branca quer exercer”, afirmou o porta-voz do Ministério do Exterior chinês, Geng Shuang, em coletiva de imprensa nesta terça-feira.
A China está entre os países que se opõem à “decisão” expressa por Washington, através de declaração, de que não serão mais permitidas as compras de petróleo ao Irã por países que alegam necessidade destas aquisições. Uma medida que parte do arrogante e cada vez mais insustentável pressuposto de que os Estados Unidos detêm o direito de determinar as relações comerciais entre outros países que não o seu.
Pela “permissão” que agora suspendem, a China, Índia, Japão, Coreia do Sul e Turquia podem somente até 2 de maio comprar petróleo iraniano sem serem molestados. Segundo a nova “ordem”, que segundo o secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, visa “zerar as vendas iranianas de petróleo”, após esse dia, empresas de qualquer país que efetuarem tais transações serão retaliadas pela Casa Branca.
O representante do Ministério do Exterior da China, acrescentou que “a medida norte-americana busca intensificar o tumulto no Oriente Médio e no mercado internacional de energia”.
O diplomata enfatizou que não vê motivos para tais sanções uma vez que “as interações normais entre o Irã e outros países são razoáveis e legais e merecem respeito e proteção”.
Shuang descreveu a medida de Trump como uma violação contrária aos interesses dos países asiáticos e destacou que a China, um dos maiores importadores de petróleo iraniano, “vai continuar nos seus esforços para assegurar a tranquilidade e os interesses das companhias do país”.
O Iraque, que poderia tirar proveito da recente medida, vendendo mais petróleo a preço mais elevado, mostrou-se prudente, declarando que não tem a intensão de tomar qualquer decisão unilateral a respeito de mudanças no mercado e que acha que “nenhum país da OPEP deveria fazê-lo isoladamente”.
Até a Arábia Saudita, cujo petróleo os Estados Unidos ofereceram, como se dono do mesmo fossem, como alternativa ao petróleo do Irã (que exporta um milhão de barris/dia), disse que não é bem assim, que o país pode passar a bombear mais petróleo, mas que “não há pressa” e que quer primeiro ver o impacto das sanções no mercado.
Em meio ao torvelinho gerado com as declarações norte-americanas que o ministro do Exterior do Irã, Mohammad Javad Zarif, chamou de “terrorismo econômico que, na verdade, revela pânico e desespero” – uma vez que o povo iraniano, nem sua economia recuam diante das pressões – o preço do barril de petróleo já subiu 2,6%.
Desde que Trump assumiu, elevou-se a pressão de Washington contra o Irã, sem nenhuma razão plausível ou sustentável. Trata-se de mais uma trapalhada, que além das grandes chances de insucesso, já está ajudando a isolar ainda mais seu governo.
O Irã firmou, em 2015, um acordo multilateral, que implicou em supervisão de seu programa nuclear, com a participação dos Estados Unidos, França, Inglaterra, Alemanha, China e Rússia. Pelo acordo, o Irã desenvolve energia nuclear para fins pacíficos e acerca do qual nunca foi denunciada nenhuma quebra, as sanções contra o Irã deveriam ser suspensas, mas o governo Trump resolveu, de forma isolada e unilateral, rompê-lo.