China sinaliza interesse em estabelecer acordo com o Mercosul

Porto de Chancay construído no Peru com apoio da China (Arquivo)

O movimento de Pequim segue sem pressa – e de olho nos impasses provocados pela ação unilateral e imperialista dos EUA e pelas resistências da União Europeia

A China sinalizou, recentemente, interesse em estabelecer um acordo comercial com o Mercosul, mesmo admitindo que não há intenção de que a iniciativa prospere em futuro próximo.

Se há um elemento indissociável da cultura oriental, esse elemento é a paciência. Os chineses não fogem à regra e exercem os movimentos na área comercial com cautela, sempre na defesa de seus interesses estratégicos, buscando respeitar os interlocutores, estejam onde estejam, o que elimina o caráter imperialista da grande nação asiática, rigorosamente, o oposto dos Estados Unidos.

Nesse caso, a China analisa o quadro das possibilidades de parceria comercial com o Mercosul com flexibilidade política e uma perspectiva de longo prazo. A informação foi publicada pelo jornal Valor Econômica, na coluna do repórter Assis Moreira.

HÁ LÓGICA.

Depois de um extenso período, o Uruguai buscou estabelecer um pacto bilaterial com os chineses, que sinalizaram positivamente, mas indicaram que um acordo restrito a Montevidéu não progrediria para não gerar desconforto com o Brasil e outras nações que integram o Mercosul. A medida poderia ser vista como um gesto de desprezo ao bloco.

O fato é que a China sinalizou, claramente, a disposição de criar um ambiente favorável que permita o avanço das negociações no futuro, o que dialoga com o cenário mais amplo de reestrutura do comércio mundial, caracterizado, hoje, por tensões políticas provocadas, fundamentalmente, pelas ações unilaterais do governo Trump, dos EUA, algo que se verificou com maior intensidade nos tarifaços adotados de forma anárquica, sem critérios, com um único objetivo de desorganizar o comércio global, afetar os interesses dos chineses, sempre que possível, e, com isso, buscar impor os interesses imperialistas da Casa Branca, com o uso da força, se necessário, como acontece atualmente nas agressões e ameaças à soberania da Venezuela. Outro elemento que estimula a ação da China são as dificuldades na conclusão do acordo do Mercosul com a União Europeia (EU), em que pese todos os esforços do Brasil e do empenho pessoal do presidente Lula. As manobras procrastinatórias adotadas pela UE acumulam frustrações e, consequentemente, a abertura de novas parcerias comerciais com base em novas alianças estratégicas.

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