A China atingiu em 2025 o marco de mais de 50 mil quilômetros de ferrovias de alta velocidade em operação. O que representa cerca de dois terços de todas as ferrovias de alta velocidade existentes no mundo, superando amplamente a soma de todos os outros países, um feito alcançado em menos de duas décadas.
O mais notável é que só em 2008, com a linha interurbana Pequim–Tianjin, a China passou a contar com sua primeira ferrovia de trens-bala. Um trajeto de 120 km, inaugurado para as Olimpíadas de Pequim, com velocidade de operação de 300 km/h. Em comparação, em 1993 a velocidade média dos trens de passageiros no país era de 48 km/h.
Foi graças aos planos qüinqüenais da China, com coordenação centralizada sob uma perspectiva de desenvolvimento de longo prazo, financiamento público garantido e metas claras, que essa expansão se deu, a partir da percepção de que o transporte ferroviário de alta velocidade seria um pilar chave do desenvolvimento econômico, da integração territorial e da soberania tecnológica.
Para isso, foi essencial atrair, com as dimensões do mercado chinês, as principais fabricantes estrangeiras dos trens-bala no início dos anos 2000 – como Siemens, Alstom, Kawasaki e Bombardier – para a política de transferência tecnológica obrigatória.
Atualmente, são as empresas chinesas que lideram o setor no mundo inteiro, após passarem de montadoras a desenvolvedoras independentes e ao registro de patentes. O que culminou nos trens Fuxing, capazes de operar a 350 km/h, e desenvolvidos integralmente na China
Durante o 14º Plano Quinquenal (2021–2025), apesar da pandemia, das crises logísticas e da guerra à conquista da soberania tecnológica chinesa, o país colocou em operação 12 mil quilômetros adicionais de ferrovias de alta velocidade.
A malha de alta velocidade chinesa vai além de conectar grandes metrópoles e o núcleo econômico do país. Também integra regiões historicamente periféricas, áreas rurais e zonas industriais, reduz desigualdades regionais e estimula cadeias produtivas locais.
Hoje, 97% das cidades chinesas com mais de 500 mil habitantes estão conectadas à rede de trens-bala, criando um nível de integração territorial sem paralelo no mundo contemporâneo. E a linha Pequim-Xangai é a linha de trem-bala mais rápida em operação regular no planeta.
Ao transportarem bilhões de passageiros por ano, as ferrovias de alta velocidade da China contribuem para a política ambiental e para a redução de emissões de carbono. Nos trajetos até 1.200 km, o trem-bala é o meio de transporte preferido da população chinesa e substitui os voos domésticos. Ao mesmo tempo que permite a redução da dependência dos combustíveis fosseis que, na China, é principalmente importado.











