
A China ordenou que suas companhias aéreas não recebam mais entregas de jatos da empresa americana Boeing, em resposta à decisão dos Estados Unidos de impor tarifas de 145% sobre produtos chineses, noticiou a Bloomberg News na terça-feira (15).
A matéria causou alvoroço em Wall Street, levando à queda de 5% nas ações da Boeing, que já não andava bem das pernas.
“A China ordenou que suas companhias aéreas recusem novas entregas de aviões da Boeing Co. como parte da guerra comercial que levou o presidente dos EUA, Donald Trump, a impor tarifas de 145% sobre produtos chineses”, afirmaram fontes especializadas à agência.
Em 2018, cerca de um quarto da produção da Boeing teve o país asiático como destino, e a expectativa da fabricante norte-americana era de segurar ao menos 20% das encomendas chinesas nas próximas duas décadas.
A interrupção representa mais um revés para a Boeing, que ainda se recupera da explosão da porta de uma aeronave durante um voo no ano passado, que causou a perda de mais de um terço de seu valor na bolsa de Wall Street, quando já vinha da parada forçada nos voos de seu novo modelo Max, depois de dois acidentes aéreos em pouco tempo, além de problemas também com a Starliner.
As três principais companhias aéreas da China — Air China, China Eastern Airlines e China Southern Airlines — planejavam receber 45, 53 e 81 aviões da Boeing , respectivamente, até 2027.
A papelada de entrega e o pagamento de alguns desses jatos podem ter sido concluídos antes que as tarifas recíprocas anunciadas pela China em 11 de abril entrassem em vigor em 12 de abril, e esses aviões podem ser autorizados a entrar na China caso a caso, disseram algumas das pessoas.
Na semana passada, a Juneyao Airlines adiou a entrega de um jato de fuselagem larga da Boeing.
Ainda segundo a Bloomberg, o governo de Pequim pediu também que as transportadoras chinesas suspendam as compras de equipamentos e peças de aeronaves de empresas americanas.
O que deve aumentar os custos de manutenção dos jatos que voam no país e o governo chinês estuda mecanismos de ajuda às companhias aéreas que alugam jatos da Boeing e estão enfrentando custos mais altos devido ao tarifaço.
A Boeing não respondeu imediatamente a um pedido de comentário da Reuters, segundo a qual a medida de Pequim está em linha com a sua decisão da semana passada de aumentar os impostos sobre as importações dos EUA para 125%, em retaliação às tarifas americanas de 145% e de impor restrições às exportações de terras raras.
Na análise da Reuters, a contramedida alfandegária da China aumentaria significativamente o custo dos jatos da Boeing entregues às companhias aéreas chinesas, favorecendo encomendas à Airbus ou do novo avião de fabricação doméstica chinesa COMAC.