Enquanto o New York Times admitia que os EUA interferiram “em mais de 80 países”, a apresentadora Laura Ingrahan, da Fox News, ao chamar seu “velho amigo”, o ex-diretor da CIA James Woosley, para debater sobre o Russiagate – o embuste da ‘ingerência russa’, ela surpreendeu a todos pela candura com que lhe indagou: “Já tentamos nos intrometer nas eleições de outros países?”.
“Oh, provavelmente”, acedeu cinicamente Woolsey, acrescentando que “foi para o bem do sistema”, para evitar que os comunistas tomassem o poder. “Por exemplo, na Europa, em 47, 48, 49, os gregos, os italianos…”.
“Nós não mexemos nas eleições de outras pessoas, Jim?”, insistiu Ingrahan. “Bem”, aquiesceu Woolsey, “somente por uma boa causa”. Dito o que ambos caíram na risada.
Dov Levin, pesquisador da Universidade Carnegie Mellon, assinalou 81 casos de interferência norte-americana em eleições. Inclusive nas eleições russas de 1996 – a quem Washington acusa tão energeticamente agora das mesmas ações – para roubar o pleito, impedir a vitória do líder comunista Gennadi Ziuganov e manter o fantoche Boris Yeltsin. Em 2014, a subsecretaria de Estado Victoria Nuland, e o senador John McCain, participaram pessoalmente em Kiev do golpe para derrubar o presidente legítimo da Ucrânia.
De acordo com o artigo, os EUA derrubaram líderes eleitos no Irã e Guatemala nos anos 1950 e apoiaram golpes de estado em quatro continentes. A CIA também organizou assassinatos por razões políticas e publicou notícias falsas.
Como diz a velha anedota: “Porque não há golpe de estado nos EUA?” Resposta (óbvia): “porque lá não tem embaixada americana”.
A.P.