O bando era chefiado por Carlos Bolsonaro e composto por outros assessores, como Filipe Martins, Allan dos Santos e Luciano Hang
O ex-ajudante de ordens da Presidência da República, Mauro Cid, detalhou e contou, em seu acordo de colaboração premiada, como funcionava o “gabinete do ódio” do governo Jair Bolsonaro.
Segundo a jornalista Bela Megale, de “O Globo”, foi uma exigência da própria Polícia Federal que Cid detalhasse as operações das milícias digitais e do gabinete do ódio de Bolsonaro.
O grupo era liderado por Carlos Bolsonaro, filho do ex-presidente, e composto por outros assessores, como Filipe Martins, Allan dos Santos e Luciano Hang. O gabinete do ódio era financiado por empresários e apoiadores de Bolsonaro.
O acordo de colaboração premiada foi homologado em setembro pela Justiça. Nela, Cid deu os detalhes do papel que cada ex-assessor de Bolsonaro na atuação direta ou indireta na estratégia de comunicação digital que envolvia a disseminação de notícias falsas e ataques a opositores e a ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).
O tenente-coronel disse o que sabe da relação de membros desse grupo com os integrantes da família Bolsonaro. Cid também falou sobre os apoiadores de Bolsonaro que se organizavam nas redes como milícias digitais. Um dos focos dos investigadores com a delação do militar é angariar provas para o inquérito que apura como funcionam essas milícias.
Mauro Cid também revelou quais eram os integrantes do governo que estimulavam o uso do gabinete da mentira e da difamação para atacar reputações e quais eram os que tentavam amenizar a tensão de Bolsonaro e o Judiciário.
Cid já havia informado que Jair Bolsonaro sabia dos planos de atos golpistas em 7 e 8 de janeiro de 2023, tendo articulado encontro com apoiadores e financiadores; Bolsonaro era um líder autoritário e tinha um plano para tomar o poder de forma ilegal; o ex-presidente ordenou falsificação dos certificados de vacina contra Covid-19.
As revelações do “faz-tudo” de Bolsonaro podem complicar ainda mais a situação do ex-presidente, que já foi condenado e tornou-se inelegível por oito anos, após decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Bolsonaro já é investigado por diversos crimes, incluindo a organização de atos antidemocráticos e a incitação à violência. As novas informações podem levar à abertura de novas investigações contra ele.