
Ex-ajudante de ordens prestou depoimento à PF nesta sexta-feira (13) e foi liberado
A advogada Vânia Bittencourt, uma das responsáveis pela defesa do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), afirmou à imprensa que o militar e a família dele têm cidadania e carteira de identidade portuguesas — documentos, ainda segundo a defesa —, que não dão livre trânsito pela Europa.
Segundo Vânia, Cid se dispôs a entregar a carteira de identidade portuguesa à Justiça brasileira. E não tem planos de pedir passaporte ou deixar o Brasil, sem autorização da Justiça.
Cid, Bolsonaro e outros 30 são réus por tentativa de golpe de Estado, que, segundo a PGR (Procuradoria-Geral da República), tinha o objetivo de manter o ex-presidente no poder após a derrota para o presidente Lula (PT), nas eleições de 2022.
Em razão desses fatos, Cid depôs, nesta sexta-feira (13), por cerca de 3 horas, na sede da PF (Polícia Federal), em Brasília. Ao deixar as dependências do órgão de segurança, o militar não deu entrevista.
DEPOIMENTO À PF
O tenente-coronel do Exército teve que prestar esclarecimentos sobre suposta intenção de usar a cidadania portuguesa para deixar o Brasil.
O suposto plano teria a ajuda do ex-ministro do Turismo, Gilson Machado, que comandou a pasta na gestão Bolsonaro. Mais cedo, Machado foi preso em Recife em razão dessa investigação da PF. Leia matéria completa em “A pedido da PGR, PF prende ex-ministro de Bolsonaro por tentar obstruir a Justiça”.
Mais cedo, equipes da PF em Brasília cumpriram mandados contra Mauro Cid. O mandado de prisão chegou a ser emitido pelo STF (Supremo Tribunal Federal) contra o militar — mas, segundo a defesa, essa determinação foi revogada —, e não chegou a ser cumprida.
A operação foi motivada pela investigação da PGR (Procuradoria-Geral da República) sobre suposta tentativa de Cid obter cidadania portuguesa e, em seguida, fugir do Brasil.
PASSAPORTE PORTUGUÊS
Conforme a PF, Machado teria atuado no Consulado de Portugal em Recife (PE), em maio de 2025, a fim de obter a emissão de passaporte português para Cid, que teria a finalidade de viabilizar a saída do militar do território brasileiro.
O tenente-coronel fez acordo de colaboração premiada com o STF. Ele depôs, na última segunda-feira (9), no Supremo na ação que investiga, entre outros crimes, a tentativa de golpe de Estado liderada pelo ex-presidente, com objetivo de impedir a posse de Lula e manter no poder, mesmo tendo sido derrotado pelo petista, Bolsonaro.
A Polícia Federal disse ainda que encontrou no celular de Cid arquivos que mostram que o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro tentou, em janeiro de 2023, a obtenção da cidadania portuguesa.
OUTRAS MOTIVAÇÕES DA AÇÃO DA PGR
Localizadores — códigos para embarque em aeronave —expedidos em nome de familiares do tenente-coronel em voo da Copa Airlines foram determinantes para que a PGR pedisse a prisão preventiva do militar.
Inicialmente, o procurador-geral da República, Paulo Gonet, havia solicitado apenas medidas de busca e apreensão contra o ex-ministro do Turismo Gilson Machado, diante da suspeita de que ele teria atuado para emitir passaporte português para Cid.
Antes que o ministro do STF, Alexandre de Moraes, pudesse analisar o requerimento, Gonet recebeu novas informações da PF sobre a viagem dos pais, da mulher e de uma das filhas de Cid aos Estados Unidos.
SUSPEITA DA PGR
A partir daí, fez novo pedido, em que incluiu a prisão preventiva tanto de Machado quanto de Cid. Para Gonet, a saída dos familiares de Cid do Brasil fortalece a suspeita de que ele também fosse deixar o território nacional.
A DIP (Diretoria de Inteligência Policial) da PF reportou a Gonet que 4 familiares de Cid viajaram a Los Angeles, dia 30 de maio, em voo da Copa Airlines, com escala no Panamá.
Passaram pelo procedimento de migração os pais de Cid — Agnes e Mauro Lourena —, a filha Isabela e a mulher, Gabriela. Localizador em nome da outra filha, Giovana, também foi identificado, mas ela não embarcou no voo, nem há registros da saída dela do País.
RETORNO DOS EUA
Todos, segundo apurações da imprensa, têm passagens de volta compradas para dia 20 de junho. O motivo da viagem seria o aniversário de 15 anos da sobrinha do tenente-coronel, que mora em Orlando.
As passagens foram apresentadas aos investigadores do caso como evidência de que não haveria plano de fuga, assim como camiseta alusiva ao passeio da família na Disney.