PF vai pedir às autoridades estadunidenses envio para o Brasil da documentação que comprova as negociações e venda de joias pelo ex-faz-tudo de Bolsonaro
Mauro Cid, que está preso preventivamente, negociou e vendeu joias também nos Estados Unidos, ainda neste ano, quando estava na Flórida, com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), para quem trabalhou como ajudante de ordens no Palácio do Planalto.
As informações estavam em mensagens encontradas por peritos da PF (Polícia Federal) no armazenamento em nuvem do telefone celular dele. O aparelho foi apreendido para investigações contra o ex-faz-tudo de Bolsonaro, na Presidência da República.
Reportagem publicada pelo G1, nesta terça-feira (8), revelou a descoberta da PF. O portal informa que a PF vai pedir às autoridades estadunidenses envio para o Brasil da documentação que comprova as negociações e a venda de joias por Mauro Cid, para que seja anexada ao inquérito em tramitação no Brasil.
CID TENTOU VENDER ROLEX GANHO POR BOLSONARO
Mauro Cid foi para os Estados Unidos com Jair Bolsonaro — que viajou dois dias antes do fim do mandato presidencial — e só retornou ao Brasil no fim de março.
Dessa forma, ele não passou a faixa presidencial a Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que venceu as eleições de outubro de 2022.
A CPI Mista do Golpe já havia tido acesso a e-mails que indicaram que Cid negociou no Brasil um relógio Rolex, em que pediu R$ 300 mil, que foi dado como presente a Jair Bolsonaro em 2019, pelo governo da Arábia Saudita.
DEVOLUÇÃO OU INCORPORAÇÃO
Conforme a legislação brasileira, a peça deveria ter sido devolvida ou incorporada ao patrimônio da União, devido ao alto valor.
Mas reportagens mostraram que Bolsonaro já havia ficado com outras joias recebidas do governo Saudita — ele só as entregou à União após as reportagens.
Mauro Cid participou de operação para reaver outras joias dadas pelo governo Saudita e retidas pela Receita Federal, no aeroporto de Guarulhos (SP).
NONSENSE
Na segunda-feira (7), Bolsonaro afirmou não ver “maldade” no fato de Mauro Cid ter tentado vender o Rolex. O ex-presidente tratou o caso como simples avaliação do item. Não precisa dizer, por óbvio, que quem teria mandado o ex-faz-tudo vendar o relógio foi o ex-chefe do Executivo.
No entanto, mensagens enviadas por Cid mostram ele tentando vender o item por US$ 60 mil a uma mulher.
Mauro Cid está preso em dependências do Exército por causa da falsificação de certificados de vacina contra covid-19, de Bolsonaro, e da filha dele, Laura.
Cid depôs na CPI do Golpe, em 11 de julho, mas se manteve em silêncio. A comissão de inquérito do Congresso Nacional não descarta a possibilidade de convocá-lo novamente.