“Não estava na minha atribuição analisar propostas, projetos trazidos por autoridades”, disse em sua apresentação. Apesar da fala inicial, o “ex-faz-tudo” de Bolsonaro não respondeu nenhuma pergunta dos parlamentares do Distrito Federal
O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), disse, nesta quinta-feira (24), durante fala inicial na CPI dos Atos Antidemocráticos da Câmara Legislativa do Distrito Federal, que uma de suas funções era receber e entregar presentes para o ex-chefe do Executivo.
Cid afirmou, ainda, que fazia “um serviço de secretariado executivo” para o ex-presidente, o que incluía funções como execução de agenda, recepção e encaminhamento de pessoas para reuniões, atendimento de ligações, recebimentos de correspondências e impressão de documentos.
A manifestação de Mauro Cid no início da reunião foi similar à que fez na CPI do Golpe, no Congresso Nacional, em 11 de julho. Apesar da declaração inicial, o “ex-faz-tudo” não respondeu a nenhuma das perguntas formuladas pelos parlamentares do DF.
CID SE DEFENDEU
“O ajudante de ordens é a única função de assessoria próxima ao presidente que não é objeto de sua própria escolha, sendo de responsabilidade das Forças Armadas selecionar e designar os militares que a desempenharão”, disse Mauro Cid.
O tenente-coronel explicou que ficava do lado de fora das salas de reunião e que não questionava o que era tratado nos encontros. “Não estava na minha atribuição analisar propostas, projetos trazidos por autoridades”, completou.
CPI DA CÂMARA LEGISLATIVA DO DF
A CLDF (Câmara Legislativa do Distrito Federal) instalou a CPI dos Atos Antidemocráticos na tarde do dia 18 de janeiro.
A oficialização ocorreu após a leitura do requerimento que pediu o início das investigações sobre os ataques às sedes dos Três Poderes, dia 8 de janeiro, e à sede da PF (Polícia Federal), em 12 de dezembro, em Brasília, no dia da diplomação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), no TSE (Tribunal Superior Eleitoral).
A sessão extraordinária foi convocada pelo presidente da CLDF, deputado Wellington Luiz (MDB), pois os deputados distritais estavam de férias. Para a instalação da CPI, foram coletadas 23 assinaturas — eram necessárias 8.
O deputado Daniel Donizet (PL) foi o único a não assinar, pois ainda estava de licença do cargo no dia da apresentação da solicitação.
De acordo com o requerimento aprovado, a CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) terá duração de 180 dias — podendo ser prorrogada por mais 90 dias — e é composta por 7 deputados, respeitando a proporcionalidade dos partidos representados na Câmara Legislativa.