O ex-ajudante de ordens da Presidência, Mauro Cid, vendeu um Rolex a mando do ex-presidente Jair Bolsonaro e depois lhe entregou o dinheiro em espécie, afirmou o advogado Cezar Bitencourt, que assumiu a defesa de Cid.
“Mauro Cid vendeu o relógio a mando do Bolsonaro com certeza e entregou o dinheiro a ele”, relatou o advogado.
Bitencourt conta que toda a operação criminosa foi realizada sob ordens diretas de Jair Bolsonaro, que tinha ciência dos movimentos que estavam sendo realizados.
O Rolex Day-Date de ouro branco foi dado a Jair Bolsonaro pela Arábia Saudita, em 2019. Por ser um objeto de alto valor, o relógio deveria ter sido incorporado ao acervo público da Presidência.
Bolsonaro, no entanto, mandou que seus assessores transformassem o objeto em dinheiro.
Cumprindo ordens, em junho de 2022, durante viagem aos Estados Unidos, Mauro Cid vendeu o relógio para uma loja especializada na Pensilvânia, chamada Precision Watches.
O dinheiro da venda desse relógio e de outras peças roubadas foi depositado nas contas de Mauro Cid e de seu pai, o general Mauro Lourena Cid, mas tinham como destinatário final Jair Bolsonaro.
O ex-presidente, tentando não deixar rastros da corrupção, recebeu o dinheiro em mãos.
“Os 35 mil que entraram na conta do pai dele [Mauro Lourena Cid] era parte do pagamento que ele deu ao ex-presidente”, continuou o advogado Cezar Bitencourt.
Desde que foi preso, em maio, por ter fraudado cartões de vacinação, Mauro Cid tem mantido silêncio. Com o surgimento de novas e robustas provas contra ele e seu pai, o ajudante de ordens combinou com a defesa que irá confessar seu envolvimento no esquema.
No depoimento, vai contar que tudo foi ordem de Jair Bolsonaro.
Mauro Cid “era um assessor e o ex-presidente era o superior dele. Ele irá prestar depoimento dizendo aquilo que é a verdade, o que realmente aconteceu. Se compromete ou se não compromete o ex-presidente é indiferente. Cada um com suas responsabilidades. O compromisso dele é com a verdade”, explicou.
O relógio Rolex Day-Date de ouro branco vendido por Cid chegou a ser anunciado pela Precision Watches em seu site, no valor de US$ 50 mil, equivalente a aproximadamente R$ 250 mil.
Depois da determinação do Tribunal de Contas da União (TCU) de que as joias deveriam ser entregues ao Estado brasileiro, foi organizada uma “operação resgate”, na qual os assessores de Bolsonaro, inclusive seu advogado, Frederick Wassef, tiveram que reaver os objetos vendidos e trazê-los para o Brasil.