Cientistas debatem no IEE da USP o filme “Fukushima” e o futuro da energia nuclear

Desastre de Fukushima. Ildo Sauer, Célio Bermann e Francisco Whitaker falam sobre energia nuclear no Brasil (Fotomontagem HP)

 O professor Ildo Sauer, professor do Instituto de Energia e Ambiente da USP (IEE), ex-diretor de Energia da Petrobrás, Francisco Whitaker, arquiteto, político e ativista social brasileiro e Célio Bermann, engenheiro do IEE, autor de diversas publicações sobre energia, serão os debatedores do filme Fukushima, que será exibido na USP.

O filme, que mostra o desastre que atingiu a usina nuclear no Japão, será exibido na quarta-feira (23), às 14h30 no auditório do IEE-USP, na Cidade Universitária, e o debate acontecerá logo em seguida ao filme.

A obra, que mistura diversos gêneros cinematográficos, mostra ainda a postura do governo frente ao desastre, comandado à época pelo primeiro-ministro Naoto Kan.

Até ali, era um incentivador da construção de usinas nucleares, hoje, tornou-se um ativista contra esse tipo de matriz energética. “Depois que ele viu a situação, mudou de lado”, comenta o integrante da Comissão Brasileira de Justiça e Paz, cofundador do Fórum Social Mundial e apoiador de causas ambientais e movimentos sociais, Chico Whitaker, que participa da divulgação do filme no Brasil.

O professor Ildao Sauer também é um crítico desta opção energética. Para ele, “os interesses em torno da energia nuclear estão muito distantes dos interesses de uma política energética científica e tecnológica relevante para o país”.

Em entrevista recente ao Instituto de Humanitas da Unisinos, o professor Ildo Sauer, defendeu que a pesquisa científica e tecnológica na área nuclear “deve ser dirigida centralmente para os benefícios que podem trazer para a medicina, a agricultura e a biologia”.

Sauer afirmou que o projeto de Angra III é ultrapassado e não serve ao Brasil. “É um projeto tecnologicamente avançado para o estado da arte da década de 1970, portanto, mais de quatro décadas atrás”, apontou.

“Foi projetado, prosseguiu Ildo, “a partir da tecnologia da Westinghouse, aperfeiçoado na Alemanha e hoje em dia faz parte do conglomerado europeu Areva, um sistema industrial de produção de reatores nucleares que opera na França e que, na Alemanha, estão sendo retirados de funcionamento, de acordo com o programa anunciado pelo governo alemão logo após o incidente de Fukushima”.

Whitaker também destaca que “toda a preocupação não é à toa, nem mesmo leva em conta apenas o risco de acidente, mas também o passivo ambiental deixado por esse tipo de material, como na cidade de Caldas, em Minas Gerais, que convive com uma barragem de rejeitos e um lixão com minerais radioativos há mais de 20 anos”.

“A população não tem a menor ideia do perigo que está correndo. Para o pessoal de lá que tem consciência disso, a grande preocupação é criar a consciência local de que há um risco e que é preciso enfrentar e resolvê-lo”, reflete. Whitaker espera que o filme amplie esse debate no Brasil.

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