O antropólogo Walter Neves, da Universidade de São Paulo (USP), será candidato a deputado federal nas eleições de outubro pelo Partido Pátria Livre (PPL). Sua candidatura foi lançada por um grupo de acadêmicos preocupados com a situação política do País, denominado Cientistas Engajados.
“Os cientistas não podem ficar passivos diante do que está acontecendo com o Brasil”, disse Neves em entrevista ao jornal “O Estado de S. Paulo”.
A candidatura do cientista deverá fomentar uma discussão mais ampla sobre a necessidade de um maior engajamento da comunidade científica na política. “Do jeito que o sistema nacional de ciência e tecnologia está desmantelado, precisamos da participação direta de cientistas no parlamento”, diz.
Para Neves, a comunidade científica precisa “descer do salto alto” e se engajar mais. Segundo ele, a ideia de que cientistas não deveriam se envolver com política representa uma “visão tacanha do mundo acadêmico”, que infelizmente “ajuda a cristalizar aquela ideia de torre de marfim”.
O pré-candidato destaca que seu objetivo não é representar apenas a comunidade científica, mas todos os brasileiros. “Jamais aceitaria um cargo desses para defender uma única agenda”, comenta. “Minha bandeira número um será a justiça social. Não existe nenhuma razão real para qualquer pessoa passar fome no Brasil”, diz Neves.
O cientista, hoje com 60 anos, é conhecido internacionalmente por seus estudos nas áreas de evolução humana e ocupação das Américas. Recém aposentado da universidade, ele foi professor titular do Departamento de Genética e Biologia Evolutiva, onde fundou o Laboratório de Estudos Evolutivos Humanos.
Neves é particularmente famoso pela descrição do fóssil Luzia, considerado o esqueleto mais antigo das Américas.
Além da candidatura do cientista a deputado federal, o grupo de acadêmicos decidiu lançar Mariana Moura para disputar uma vaga na Assembleia Legislativa de São Paulo. Ela é formada em Relações Internacionais e está concluindo o doutorado no Programa de Pós-Graduação em Energia do Instituto de Energia e Ambiente (IEE) da USP, desenvolvendo pesquisa sobre a transferência de valor na cadeia produtiva.