Um dos três acidentes com embarcações clandestinas superlotadas ocorreu na Ilha de Creta. Helicópteros, lanchas e navios da guarda costeira grega procuram por sobreviventes
Pelo menos cinco pessoas morreram após o naufrágio de uma embaracação superlotada por migrantes a 12 milhas náuticas (22 quilômetros) da ilha de Creta, no extremo sul da Grécia e da Europa, na madrugada de sábado (14).
De acordo com o Ministério do Transporte Marítimo da Grécia, 39 migrantes foram resgatados com vida até o momento. A quantidade de de desaparecidos não pôde ser informada, pois cerca de 90 pessoas se encontravam a bordo.
O primeiro corpo foi encontrado já na manhã de sábado. Posteriormente, a imprensa local noticiou que outro homem havia sido levado de helicóptero a um hospital na cidade de Chania, Creta, onde foi internado sob cuidados intensivos.
Participam intensamente das buscas dois helicópteros, quatro quatro lanchas flutuantes, uma fragata italiana e dois rebocadores, mas as condições de encontrar sobreviventes se tornam mais difíceis a cada hora que passa.
“Foi confirmado que um paquistanês está entre os mortos”, afirmou o Ministério dos Negócios Estrangeiros do Paquistão, acrescentando que “neste momento” não pode confirmar se há mais vítimas paquistanesas ou precisar o número de desaparecidos.
MAIS ACIDENTES E VÍTIMAS
As águas próximas de Creta também foram palco de outras grandes operações de salvamento nas últimas horas: a primeira, a 40 milhas náuticas de distância (70 quilômetros), terminou com o resgate de 47 migrantes depois que seu barco virou perto da Ilha Giudas e um terceiro naufrágio, no início da manhã de sábado, com 88 migrantes resgatados.
Nos últimos meses, as ilhas de Creta e Gavdos registraram um aumento sem precedentes no fluxo de imigrantes, principalmente do Egito, Paquistão e Afeganistão.
O Ministério da Migração da Grécia informou que nos primeiros meses de 2024 mais de 58.000 pessoas chegaram ao país por meio das ilhas do mar Egeu, incluindo 13.000 crianças. Esta alta impactou principalmente as ilhas de Creta e Gavdos, desprovidas de condições de acolhimento.
Conforme os dados oficiais, este número é 25% superior ao total de migrantes que entraram no país em 2023 fugindo da guerra e da pobreza. Inúmeros acidentes têm ocorrido nas últimas semanas. No mais recente, no final de novembro, oito migrantes perderam a vida no norte da ilha de Samos, rota frequentemente utilizada por traficantes de pessoas.
GREGOS SUBMETEM CRIANÇAS MIGRANTES A “CONDIÇÕES ALARMANTES”
A Save the Children denunciou que as crianças migrantes e refugiadas estão vivendo em “condições alarmantes” nos campos de “acolhimento” gregos e solicitou ao governo e à União Europeia (UE) “sua segurança e proteção”.
Uma pesquisa realizada em vários campos de refugiados do país pela ong que trabalha com o Conselho Grego de Refugiados (GCR) apontou as “condições alarmantes” a que vinham sendo submetidas as crianças, com alimentação precária, falta de serviços de proteção e a degradação dos locais, que chegavam a estar infestados de baratas. Além disso, há “mofo em alguns espaços”, “comida servida após a data de validade” e “uma grave falta de espaços seguros e adequados para crianças”.
A denúncia ganhou repercussão após por sido feita pela Save the Children, que trabalha com o Conselho Grego de Refugiados (GCR).