Aumento de 5,6% na comparação com o trimestre anterior
O Bradesco registrou lucro líquido de R$ 4,518 bilhões no segundo trimestre de 2023, alta de 5,6% na comparação com trimestre anterior. O retorno sobre o patrimônio (ROE) ficou em 11,1% no segundo trimestre, ante 10,6% no primeiro trimestre.
Apesar dos resultados, o mais importante “recado” do banco foi de que “Reposicionamos nossa política de concessão de crédito para modalidades de menor risco”. Isso desde o segundo semestre do ano passado. Todos os bancos estão fazendo o mesmo. Quando economistas falam da ação desastrada dos altos juros, orquestrado pela Selic, entre os reflexos está essa questão da restrição de crédito.
Com as famílias esfoladas pelo crédito mais caro do mundo, com o nível de emprego muito alto, cada vez mais precário, com o aumento do emprego sem carteira assinada, está aí um dos resultados negativos, com o crédito reduzido para as famílias e empresas.
A redução de meio ponto percentual, decidido nesta semana pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, foi como um grão de areia no deserto.
Com o Índice Geral de Preços–Mercado (IGP-M) acumulando quedas da taxa em 5,15% no ano e de 7,72% em 12 meses e o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), o índice oficial de inflação, seguindo a mesma tendência, em junho com deflação de 0,08% e em 3,16% nos últimos 12 meses, conforme o IBGE, a nova Selic em 13,25% mantém o país com a maior taxa de juros reais (descontada a inflação), em torno de 10%. Impeditiva para os investimentos produtivos e a mais alta entre todos os países com relevância econômica no mundo.
No outro lado da moeda, os juros estratosféricos estão levando, quando vão se generalizando, a indústria, o comércio e a setor de serviços não financeiros para os perigosos terrenos das recuperações judiciais e das falências. Entre janeiro a junho foram 593 pedidos de recuperação judicial.
A indústria encerrou a primeira metade de 2023 estagnada, conforme dados do IBGE que apontaram um recuo de 0,3%. A produção de bens de capital caiu -1,2% e a de bens de consumo duráveis -4,6% em junho.
A regra, no semestre, foi de variações negativas ou próximas de zero, assinala o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), que apontou mais uma vez os efeitos negativos dos juros altos sobre a atividade do setor.
O varejo anda aos trancos e barrancos. Os pedidos de Recuperação Judicial, reestruturação financeira e mesmo de falências se avolumam. Entre elas pesos pesados. A mais recente foi a Polishop, depois de muitas outras, como Tokstok, Marisa, Cassino, Assaí, Oi, Raiolita e Pan.
A safra de lucros dos bancos no segundo trimestre e no acumulado do ano, até junho, mantém-se em altos patamares em contradição com os outros setores das empresas, assim como das famílias.
Quanto mais lucros das empresas financeiras, na atual quadra da economia brasileira, mais debilitada está a situação do país. Mais concentração de renda, mais encolhida, com a indústria perdendo em participação no PIB, mais defasada tecnologicamente e muito outros males, como os sociais, que pouco foram tratados aqui.
J.AMARO