O ex-governador do Ceará e candidato à Presidência, Ciro Gomes (PDT), disse que o governo de Jair Bolsonaro, que tem piorado a vida das famílias brasileiras, funciona com base na corrupção e no orçamento secreto.
“Você se esfola de trabalhar e produzir para pagar imposto, e R$ 4,8 trilhões é orçamento da República. Sobra sabe quanto, depois da farra de juros, de banqueiro e etc.? R$ 25 bilhões. O Bolsonaro entregou R$ 19 bilhões desses R$ 25 bi para a turma roubar”, denunciou Ciro Gomes.
Para ele, “isso é inacreditável”.
Jair Bolsonaro sancionou a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) para 2023 que prevê R$ 19,4 bilhões para serem usados pelos parlamentares através do orçamento secreto.
Só tem acesso a esse dinheiro o parlamentar que defender o governo Bolsonaro e votar conforme ele manda. Com esse mecanismo, Bolsonaro conseguiu eleger Arthur Lira (PP-AL) presidente da Câmara e aprovar o fim de direitos.
A fala de Ciro Gomes foi feita durante sua entrevista ao Roda Viva, programa da TV Cultura, na segunda-feira (15).
DEMOCRACIA
Durante a entrevista, Ciro Gomes confirmou que participará da posse do ministro Alexandre de Moraes como presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) como um gesto de defesa da Corte.
O ex-governador também assinou o manifesto da Faculdade de Direito da USP contra as ameaças de Jair Bolsonaro e a favor da democracia.
Ele disse que é “lamentável que na segunda década do século XXI a gente precise fazer um gesto dessa natureza, assinar manifesto pela democracia, quando a agenda do povo é tão gravemente trágica como está sendo”, mas o golpismo de Jair Bolsonaro exige isso.
As ameaças de Bolsonaro são, para Ciro, “um delírio”, enquanto os gestos do presidente para acalmar os ânimos são “pura falsidade”.
COMBUSTÍVEIS
O presidenciável também apontou que a política de preços de combustíveis que é mantida pelo governo de Jair Bolsonaro serve apenas para dar dinheiro aos acionistas, na sua maioria estrangeiros.
“Um barril que custa US$ 10 para produzir e eu vou cobrar US$ 140?”, questionou Ciro. “De quem estamos cobrando isso? Da dona de casa que não tem mais condição de pagar o gás de cozinha, do caminhoneiro que não sabe mais calcular o frete”, criticou.
“A Petrobrás, de janeiro a março, distribuiu R$ 48 bilhões de dividendos sem pagar um centavo de imposto e, para esfregar no nariz da gente, distribuiu R$ 88 bilhões no segundo trimestre”, continuou.
“Dá para evitar essa aberração? Dá”, apontou. Ciro Gomes propõe o fim do Preço de Paridade Internacional (PPI), que atrela o petróleo produzido no Brasil a seu preço internacional.
Por outro lado, Jair Bolsonaro deixou o preço dos combustíveis subir por três anos, com um aumento de 69%, para agir somente quando a situação ficou insustentável e afetar sua tentativa de reeleição. Mesmo assim, fez malabarismos e discursos, mas não acabou com o PPI.
Gomes também defendeu recomprar a Eletrobrás, privatizada pelo governo Bolsonaro, pois é “o regime de águas do país está em jogo”. “Um engenheiro elétrico, quando ele olha uma barragem, ele vê quilowatts/hora. Eu sou nordestino, vejo o abastecimento de água de Fortaleza”.