O pré-candidato do PDT à Presidência da República, Ciro Gomes, afirmou que o Brasil precisa de uma profunda mudança da sua estratégia global de desenvolvimento, que inclui uma reforma “por dentro” do sistema tributário e mudanças no Banco Central, que deixaria de ter como única meta o controle da inflação.
Ciro destacou, em entrevista à Reuters, que seu programa será voltado para “austeridade, poupança, investimento, produção e trabalho, encerrar essa crônica de especulação que está matando o país”.
O ex-ministro e ex-governador do Ceará prometeu também aumentar a tributação sobre as grandes heranças e disse que vai taxar lucros e dividendos, algo que, segundo ele, só Brasil e Estônia não fazem hoje no mundo. “O tributo sobre heranças no Brasil está tabelado pela Constituição entre 4 e 8 por cento… Nos Estados Unidos a alíquota mínima é 29 por cento”, disse.
Ele antecipou ainda que se chegar ao poder vai desfazer, com as devidas indenizações, os contratos de concessão para explorações de petróleo fechados pelo governo do presidente Michel Temer, assim como uma eventual privatização da Eletrobras.
“O que eu estou querendo dizer, na verdade, é o seguinte: não comprem, esperam um pouco, o país vai se recelebrar”, disse.
Sobre a Eletrobrás, cuja privatização é uma das prioridades do atual governo, o pré-candidato garante que desfaria a privatização, se ela já tiver sido aprovada, não por “nacionalismo xenófobo”, mas por que a venda poderia levar o país a ter de negociar água e energia com o embaixador na China. “Qual país do mundo entrega seu regime de águas ao capital estrangeiro?”, questionou.
Ciro também propõe uma mudança do atual regime da Previdência de repartição para um regime de capitalização. Segundo ele, a reforma da Previdência proposta por Temer era uma perversidade, que não resolveria o problema de forma estrutural.
“Nós estamos tentando reagir a um problema estrutural com puxadinhos, remendos”, disse. “Quero iniciar propondo um novo regime, de capitalização”, acrescentou.
O pedetista reconheceu que tem interesse “explícito” em formar uma aliança com o PSB, seu antigo partido. Os socialistas ainda não definiram o caminho que irão seguir na disputa presidencial, mas, segundo disse, o autorizaram a “trabalhar por baixo”, junto às bases, para conseguir o apoio da legenda. Ciro disse que também irá buscar o apoio de partidos que não fecharem alianças com candidatos de centro-direita.
Ainda não tenho um candidato, mas sei que em alguns não votaria de forma alguma. Dos que sobram, o Ciro aparenta ter um conhecimento dos problemas do país, no que se refere à causa e solução, que não vi ainda em nenhum outro pré-candidato. Os debates na tv serão bem esclarecedores, para quem prestar atenção, é claro.