O candidato à Presidência da República, Ciro Gomes (PDT), afirmou que está sendo vítima de “campanhas de intimidação”, mas que manterá sua candidatura, levantando “a bandeira do novo projeto nacional de desenvolvimento”.
Ciro leu um manifesto em transmissão ao vivo feita pelas redes sociais. O ex-governador do Ceará criticou Lula e Bolsonaro e disse que os dois têm “certos conteúdos e contornos diferentes”, mas “trazem de forma profunda a matriz histórica dos erros que há décadas atrasam o Brasil e escravizam o nosso povo”.
O discurso de Ciro Gomes prega contra o “voto útil” e denuncia que, com essa campanha, “querem eliminar a liberdade das pessoas de votarem no regime de dois turnos”.
Tentam transformar a disputa eleitoral em uma luta entre “um suposto bem e um suposto mal”, “enquanto produzem a campanha mais sem propostas e sem projeto da nossa história recente”, apontou o ex-governador.
Lula e Bolsonaro “não questionam o fato de o Brasil vir adotando, há 30 anos, um modelo político baseado no conchavo, na corrupção e no toma-lá-dá-cá, e de vir prolongando a vida de um modelo econômico que entrega a riqueza do país para quem já tem muito e distribui apenas migalhas para quem tem pouco”.
Ele também criticou os juros altos, que geraram uma “pavorosa tragédia social”.
“Praticamente para cada trilhão que pagamos da dívida, em lugar de diminuir ela aumentou mais R$ 1 trilhão. Algo completamente absurdo, ainda mais se lembrarmos que as taxas de juros são definidas pelo próprio governo”, continuou.
“Os cinco mais ricos acumulam uma fortuna equivalente a tudo o que os 100 milhões de brasileiros mais pobres possuem. E cinco bancos concentram 85% do mercado, o que lhes permite impor à população os juros mais altos do planeta Terra”.
Eles, diz Ciro, “esquecem-se, ou fingem esquecer, que exatamente por isso cerca de 40 mil indústrias e mais de 350 mil comércios fecharam as portas do governo Dilma para cá”.
“Somos o segundo maior produtor de alimentos do mundo, porém aqui mais de 33 milhões de brasileiros passam fome, 125 milhões não conseguem fazer as três refeições e até carcaça de animais são vendidas como alimentos”, acrescentou.
Ciro Gomes afirmou que “nada deterá a minha disposição de seguir em frente e empunhar a bandeira do novo projeto nacional de desenvolvimento e denunciar os corruptos farsantes e demagogos que tentam ludibriar a fé popular com suas falsas promessas”.
“Minha candidatura está de pé para defender o Brasil em qualquer circunstância e meu nome continua posto como firme e legítima opção para livrar o nosso país de um presente covarde e de um futuro amedrontador”, completou o candidato.
CORRUPÇÃO DE BOLSONARO
Em resposta a Bolsonaro, Ciro Gomes (PDT) falou da corrupção no governo durante o debate presidencial de sábado (24) promovido por um grupo de veículos de comunicação.
“Bolsonaro, você vendeu a carteira de crédito de 3,3 bilhões de reais do Banco do Brasil por trezentos e poucos milhões para o BTG. Aí tem! Você vendeu a [refinaria da Petrobrás] Landulpho Alves por metade do preço para um fundo obscuro dos Emirados Árabes. Se vendeu pela metade do preço, alguém ganhou e o povo brasileiro perdeu. Bolsonaro, você vendeu os gasodutos e oleodutos da Petrobrás e entregou um contrato de aluguel [da estatal com os novos donos] e essa é a roubalheira mais escandalosa que eu já vi”, rebateu Ciro em seu direito de resposta.
Ciro ganhou o direito de resposta depois que Bolsonaro mencionou que ele foi alvo de uma ação da PF em dezembro de 2021, em uma operação que investiga suspeitas de fraudes na construção da Arena Castelão, em Fortaleza. Em fevereiro deste ano, a quarta turma do TRF5 anulou as ações.
No seu direito de resposta, o ex-governador listou ainda uma série de casos de corrupção no governo Bolsonaro, a começar pela interferência do presidente na PF para “proteger os filhos” nas investigações de casos de rachadinha.